Wednesday, May 25, 2016

Inspired by Tânia Peseiro [2015]

Nota: Versão portuguesa mais abaixo


"With so many that settle in this life (...) it’s refreshing to see the courage of those who chase after happiness and a purpose in life"
Tânia Peseiro [2015]

This is part of a series of posts inspired by real life people around me that at some point touched me with their words. For more information on this project click here


She walks around town without a clear destination. She has this episodes sometimes, moments when she feels trapped in her own home and she just has to take off. Truth to be said, she feels trapped in her own head, but there’s not much she can do about that.
There was a time she’d let herself be consumed by the dark voices in her head, now for most part she fights them. She doesn’t always win, far from it, but she fights.
She doesn’t find excuses or blame others like she used to. She doesn’t get angry at the world anymore, she even stopped crying for the most part. She learned it a long time ago - there’s nothing easy about life.  It took her a while, it was a brutal lesson, but she learned. She even accepted that she might never be happy, that maybe she just doesn’t have it in her, so she makes a conscious effort to take all the joy she can from the moments she has. She found strategies to remind herself of those moments, tools to keep her at bay when her mind starts to drift, but there are still moments that she’s far too gone, lost from everyone, all strength drained out of her, not an ounce of fight left in her body. And she knows, she knows she’s not supposed to back down, she’s not supposed to give up, but some days she just feels so tired… she just doesn’t want to fight for it anymore.
The world keeps spinning, people pass by her, thoughts run through her mind faster than she could ever process and she’s just standing there, immobile. She can physically feel it, her body crunching in as if her ribs are trying to protect her heart. So she takes a step back and runs out the door. She forces herself to take deep breaths, let the fresh air expand her lungs. Somehow being out in the open seems to increase the space inside her head.
Nobody said it was easy,  the journey is long, and uncertainty creeps from every corner, she knows she brings this to herself, she could just settle, keep her head down, follow the easy road as so many do. They seem happy, most of them do. Why does she always have to be an overachiever?
Sometimes in the darkness of the night she tries to convince herself she doesn’t need all that, that she could just let go of her childish dreams and accept what she has, but she can’t. She just can’t.
People think she’s brave for trying, they’ve told her so, they’ve told her how proud they are of her journey, but this isn’t about bravery or perseverance, this is about survival. It’s hard, it’s so hard. But what option does she have? It’s hard enough to live this life when you have a purpose, if you let go the only reason you have to keep on trying, what do you have left? If she doesn’t believe what she does matters, if she doesn’t believe she can make a difference, how is she supposed to keep on going?
She owes it to herself to be honest and keep dreaming, after all, if she's going to be here, she better make the best of it.  So no matter how many times she runs out she always comes back reminding herself why she has to dream… Always! Because that’s the only thing they can never take away from her.

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“Com tanta gente que se conforma nesta vida (…) é revigorante ver a coragem de quem vai atrás da felicidade e de um propósito de vida” 
Tânia Peseiro [2015]


Este texto faz parte de uma série de publicações inspiradas por pessoas reais à minha volta, que em algum momento me tocaram com as suas palavras. Mais informações sobre este projecto aqui


Ela caminha pela cidade sem destino certo. Às vezes tem estes episódios, momentos em que se sente refém na sua própria casa e simplesmente tem de sair. Na verdade sente-se refém na sua própria cabeça, mas não há muito que possa fazer em relação a isso.
Em tempos deixava-se consumir pelas vozes negativas que habitam dentro de si, agora a maior parte das vezes luta contra elas. Nem sempre ganha, longe disso, mas luta.
Não inventa desculpas ou culpabiliza os outros como costumava fazer. Já não se zanga com o mundo, até já deixou de chorar. Já o aprendeu há muito tempo – não há nada de fácil nesta vida. Demorou, foi uma lição brutal, mas no fim aprendeu. Aceitou até que talvez nunca seja feliz, que simplesmente talvez não tenha a personalidade certa para sê-lo, por isso faz um esforço consciente para retirar toda a alegria dos momentos que tem. Encontrou estratégias para se lembrar a si mesma destes momentos, ferramentas para a mantê-la junto à margem quando sua mente começa a deriva, mas ainda há momentos em que desaparece, perdida de todos, sem um pingo de força, toda a luta drenada do corpo. E ela sabe, ela sabe que não deve recuar, que não pode desistir, mas há dias que se sente tão cansada… que simplesmente já não quer lutar.
O mundo continua a girar à sua volta, as pessoas passam por ela, pensamentos correm pela sua mente mais depressa do que ela os consegue processar, e ela mantém-se ali, imóvel. Consegue senti-lo fisicamente, o seu corpo a fechar-se em si mesmo, como se as suas costelas tentassem proteger o seu coração. Dá um passo atrás e corre porta fora. Respira fundo e deixa o ar fresco expandir os seus pulmões. Estar de baixo de céu aberto parece aumentar o espaço dentro de sua cabeça.
Ninguém disse que seria fácil, o caminho é longo, e as incertezas surgem a cada esquina. Ela sabe que a culpa é sua. Podia conformar-se, podia manter a cabeça baixa e seguir o carreiro já traçado como tantos outros fazem. Eles parecem felizes, a maioria parece. Porque é que tem sempre de ser diferente?
Às vezes, na escuridão da noite, tenta convencer-se que não precisa de tudo isso, que podia simplesmente esquecer os sonhos de infância e aceitar o que tem, mas não consegue. Simplesmente não consegue.
As pessoas pensam que é corajosa por tentar, já lho disseram, disseram-lhe o orgulho que têm no seu percurso, mas não se trata de coragem ou perseverança, trata-se de sobrevivência. É difícil, tão difícil. Mas qual é a alternativa? Já é suficientemente difícil viver esta vida com um propósito, se perder a única razão que tem para continuar a tentar, o que lhe resta? Se não acreditar que o que faz importa, se não acreditar que pode fazer a diferença, como é suposto continuar?

Deve a si mesma ser honesta e continuar a sonhar, afinal de contas, se tem de estar aqui, mais vale tirar partido o melhor que puder. Por isso, não importa quantas vezes fuja acaba sempre por voltar, recordando-se porque tem de continuar a sonhar… Sempre! Porque isso é a única coisa que nunca lhe poderão roubar. 

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