Não é apenas uma ceia, são dias
longos de preparação, para uns mais do que outros, decerto diferentes para cada
um de nós. Nada nunca é perfeito, há atrasos, desentendimentos, discussões que
se repetem de ano para ano e lições que nunca são aprendidas. Há os cromos do
costume, há quem sobre tudo opine mas pouco faça, há quem trabalhe no duro sem
nunca reclamar. Há os que preparam e os que aparecem, os que brilham e os que
fazem brilhar. Há de tudo um pouco, é sempre mais do mesmo e no entanto nada
nunca é igual. Então porquê Natal?
Não é pelos presentes debaixo da
árvore ou pelos doces sobre a mesa. Não é pelo bacalhau nem pelo peru, nem tão
pouco é pela religião ou por obrigação. É sim pela família. Pelos momentos que
se partilham não só no próprio dia, mas em todo o processo que o antecede. É pela
única criança que ainda acredita no Pai Natal, e pelas restantes 30 pessoas que
alinham na cena para que possa manter essa inocência por mais uns tempos. É por
aquele que só recentemente percebeu quem nem toda a gente tem uma festa como a
nossa, por aquele que não entende como pode haver Natal com 4 pessoas à mesa. É
pelas tradições que vão evoluindo com os tempos, pelos teatros que de ano para
ano se superam e pelas gargalhadas dos ensaios. É por aqueles que mesmo sabendo
que este dia nunca mais será igual ao que era há 10 anos se empenham para mantê-lo
especial. É pelos que estão presentes e pelos que estão ausentes. Pelos que não
podem vir e pelos que gostariam de lá estar. É pelos que estão perto e pelos
que estão longe. É pelo que temos de único.
