Wednesday, April 14, 2021

Purpose / Propósito

 Nota: Português mais abaixo


I’ve got this message the other day that I can’t seem to get out of my mind…

Every since I can remember I’ve battle with the anguish of not knowing what my life purpose is, with the fear of wasting my life without doing anything purposeful with it. I had this desire to do something so worthy and meaningful that most times would paralyze me and allow me to do nothing at all.  Throughout the years, that has been more often than not, one of the biggest triggers for my anxiety.

I was never afraid to die, but the idea that I can live a long life and do nothing with it… has always terrified me to my bones. Maybe it’s because I’m not religious, or even spiritual, maybe it’s because I don’t believe in afterlife, or karma, but the idea of us being in this world without a bigger purpose than just going through our own life always felt a bit oversimplified. The problem is… how does one find their life purpose? How can you find something that you don’t even know how it looks like?

You can break it down to meaning, to impact, to change, to inspiration… but are those, things you are able to spark in others, or are they just the things you look for, for yourself?

I used to think my life purpose was inherently connected to what I did, and so I’d chase ideas, and projects, and jobs, looking for that perfect opportunity that would finally allow me to make a difference, to have some impact, to be useful. But what happens while you are chasing dreams? What happens in the between? It doesn’t make sense to spend your whole life looking for a purpose, because what’s the point in finding it when you are running out of time? And is a purpose even enough? In order to make sense, to be meaningful, doesn’t purpose must have impact?   

The thing about, impact, personal impact, is that it is intangible, unmeasurable and most of all unpredictable, which means it can come from where you least expected. Think about the people or the experiences that have impacted you the most. Were they always intentional? Are the people who have impacted you the most even aware they have done so?

Maybe I’ve been looking at it the wrong way from the start… maybe it’s not about finding a meaningful purpose that will lead us in a straight path, maybe it’s about making the most of each detour and side road, knowing that at any moment, when we least expect it, we may be impacting or being impacted by someone.

They say purpose springs from one’s identity, that it’s the essence of who they are, and if that’s the case, our purpose is not so much connected with what we do, but with who we are. If our purpose is our basic nature, the most raw and honest side of us, then we don’t need to look for it, because it will show in anything we do.


Propósito


Recebi uma mensagem no outro dia que não me sai da cabeça…

Desde que me lembro de ser gente, que vivo na angústia de não saber qual é o meu propósito de vida, que vivo no terror de desperdiçar a minha vida sem fazer nada de útil. Sempre tive este desejo tão grande de fazer algo importante, com significado, que a maior parte das vezes isso me paralisava e me levava a não conseguir fazer nada. Ao longo dos anos, esse foi muitas vezes um dos gatilhos para a minha ansiedade.

Nunca tive medo de morrer, mas a ideia de viver uma longa vida sem impacto… sempre me aterrorizou. Talvez seja porque não sou religiosa nem espiritual, talvez seja por não acreditar na vida depois da morte ou no karma, mas a ideia de vivermos neste mundo sem um propósito maior do que simplesmente viver a nossa vida sempre me pareceu uma ideia demasiado simplista. O problema é… como é que se encontra um propósito de vida? Como é que se encontra algo sem ser saber o que estamos a procurar?

Podemos tentar decompô-lo em algo com significado, com impacto, que provoque mudança, inspiração… mas serão isso coisas que somos capazes de despertar nos outros, ou apenas coisas que procuramos para nós mesmos?

Costumava pensar que o meu propósito de vida dependia daquilo que fazia, por isso perseguia ideias, projetos, trabalhos, sempre à procura da oportunidade ideal, que finalmente me permitisse fazer a diferença, ter algum impacto, ser útil. Mas e o que acontece enquanto persegues esses sonhos? O que acontece nos entretantos? Não faz sentido passarmos a vida toda à procura de um propósito, porque de que adianta encontrá-lo se estivermos a ficar sem tempo? E será um propósito sequer suficiente? Para fazer sentido, para ter significado, esse propósito não precisa de ter também impacto?

A questão é que o impacto, o impacto pessoal, é intangível, imensurável, e acima de tudo, imprevisível, pode vir de onde menos esperamos. Pensa nas pessoas ou nas experiências que mais impacto tiveram na tua vida, será que foram sempre intencionais? As pessoas que mais te impactaram terão sequer a noção que o fizeram?

Se calhar tenho estado a ver as coisas pelo prisma errado desde o inicio… se calhar não se trata de encontrar um propósito com significado que nos leve num caminho certo, se calhar trata-se de tirar partido de todos os atalhos e desvios que vão surgindo, com a consciência de que a qualquer momento, quando menos esperarmos, podemos estar a impactar, ou a ser impactados por alguém.

Dizem que o propósito brota da nossa identidade, que é a essência de quem somos. Se for assim, o nosso propósito não está dependente daquilo que fazemos, mas de quem somos. Se o nosso propósito é a nossa natureza básica, o lado mais cru e honesto de nós mesmos, então não precisamos procura-lo, porque irá transparecer em tudo o que fizermos.