Thursday, April 02, 2020

What’s something you wish no one would ever have to experience in their lifetime? / Algo que desejavas que nunca ninguém tivesse de experimentar (Day 12)


Note 1: While being quarantine, in an effort to try to prevent my brain to turn into mush I'll try to complete a 30 Day writing challenge. Each day I'll get a prompt about which I should write. 

Nota 2: versão portuguesa mais abaixo.


I’m a big fan of solitude, maybe a little bit more than I should, but the one thing I wish no one would ever have to experience in their lifetime is loneliness. Both concepts are often mistaken, but while solitude has a purpose and can have positive effects on people, loneliness can lead to more serious conditions.

Loneliness is not necessarily a physical condition, it’s not necessarily about your environment, or the amount of people you have around you, in fact, the worst case of loneliness is the one people feel when surrounded by crowds. The opposite of feeling alone is not being together, it’s experiencing intimacy.

Loneliness is a mental state, it’s something that you feel deep inside, it’s emotional and often inexplicable – you may feel you have a good life and no reason to complain and yet feel completely empty and lonely. You may spend the day with your family or friends, love them to their core, and yet feel like you don’t belong, like you’re not understood. You can cry nights away, not knowing exactly what you’re longing for, just feeling an emptiness that can burn inside.

People who are lonely crave human contact, they lack deep and nurturing relationships, but their mental state makes it harder for them to connect with others, which leads to a vicious circle often reinforced by self-isolation.

The struggle is real, because what makes loneliness so unbearable is the loss of one’s own self, people lose sense of who they are, they doubt themselves and their worth. Like I said before it’s not about not having people around you, it’s about not feeling seen. Loneliness is a silent killer, a person can be drowning in loneliness and no-one around her sees it, and it’s not because they don’t want to, it’s because often loneliness comes with a mask. Lonely people get very good at disguising the signals. They feel unworthy, unloved, untrusty, unnoticed… so they won’t burden other people with their feelings.

The feeling of being undeserving or unwanted is one of the most difficult things one can face, it destroys one’s self-esteem and poisons one’s own thoughts, which is why, if I could, that’s the one thing I’d protect people from experiencing. 


Algo que desejavas que nunca ninguém tivesse de experimentar


Nota 3: Enquanto estou em quarenta, e numa tentativa de impedir que o meu cérebro se transforme em papa vou tentar completar um desafio de escrita de 30 dias. Cada dia terá um tópico sobre o qual deverei escrever.




Sou uma grande fã de solitude, talvez até um pouco mais do que devia, mas algo que desejava que nunca ninguém tivesse de experimentar é solidão. Os dois conceitos são muitas vezes confundidos, mas enquanto a solitude tem um propósito e pode ser benéfica, a solidão pode levar a complicações mais sérias.

A solidão não é necessariamente um estado físico, não tem necessariamente a ver com o número de pessoas que uma pessoa tem à sua volta, aliás, a pior forma de solidão é aquela que as pessoas sentem quando estão rodeadas por uma multidão. O oposto de solidão não é estar na presença de alguém, mas sim partilhar intimidade.

A solidão é um estado mental, é algo que a pessoa sente internamente, é emocional e muitas vezes inexplicável – a pessoa pode sentir que tem uma boa vida, que não tem motivos para se queixar e ainda assim ser assolada por um sentimento de solidão aterrador. Uma pessoa pode passar o dia com família e amigos, amá-los profundamente, e ainda assim sentir que não pertence ali, sentir que ninguém a percebe. Uma pessoa pode passar noites a chorar sem saber exactamente aquilo que lhe faz falta, sentindo apenas um enorme vazio que a queima por dentro.

As pessoas que se sentem sozinhas almejam contacto humano, sentem falta de relações profundas e estimulantes, mas o seu estado mental torna mais difícil que se conectem com os outros, o que leva a um círculo vicioso, muitas vezes reforçado por um isolamento autoimposto.

O que torna a solidão tão insuportável é a perda da própria identidade. As pessoas começam a por em causa quem verdadeiramente são, e qual o seu valor. Como referi antes, não tem a ver com as o número de pessoas que estão à sua volta, mas com o sentimento de não estar a ser visto. A solidão é um assassino silencioso, uma pessoa pode estar a afundar-se na sua solidão sem que ninguém à sua volta se aperceba, e não é que as pessoas não queiram, é que muitas vezes a solidão vem acompanhada de uma máscara. As pessoas que vivem em solidão tornam-se boas a esconder os sintomas. Sentem que perderam o seu valor, que não são amadas ou simplesmente vistas… por isso não vão sobrecarregar os outros com os seus sentimentos.

O sentimento de se ser indesejado ou não merecedor de atenção é uma das coisas mais difíceis de enfrentar, destrói a autoestima e envenena os pensamentos da pessoa, e é por isso que, se pudesse, isso seria algo que gostaria que nunca ninguém tivesse de enfrentar.  

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