Note 1: While being quarantine, in an effort to try to prevent my brain to turn into mush I'll try to complete a 30 Day writing challenge. Each day I'll get a prompt about which I should write.
Nota 2: versão portuguesa mais abaixo.
Most of my friendships are long
lasting, the frequency I get to spend time with my friends is affected by life
and circumstances, but the feelings remain.
I don’t know exactly how to
explain this, but my friendships have always been very easy going, I was never
the kind of person to get involved in big arguments, and even though I used to
hang out with all kids of different people, we all accepted each other very well
and never really challenged each other’s personalities. So, it was a bit of a
surprise to me when, later in my teens, I experienced a different kind of
friendship.
I met this girl and despite being
both the kind of people that take time to trust others, from what I remember,
we connected fairly easy. At a first glance we were the complete opposite of
each other – different backgrounds, principles, different standards, different
personalities, different motivations… but at the same time there was something
that allowed us to understand each other well. Back then, 14/15 years ago, I
didn’t know what it was, now I think maybe our common trait were our insecurities
(even though we both handled them very differently).
We had a few common friends, we
were often in a bigger group where we’d engaged in jokes and laughter,
but our deeper conversations, and
there were a few, happened in writing. This was back when SMS and messenger
were big things, and we spent a lot of nights debating life. We would read each
other well, I think we were both good at observing and perceiving emotions, not
necessarily so good at addressing them on the spot, so writing helped.
There was a significant (at the
time) age gap between us and I was still very much in a point in my life where
I was looking for some guidance, some mentorship that would help me deal with life
and the frustrations of growing up and come to terms with our personalities and
flaws. And I did find some of that in that friendship. Even though in some
things we would never agree, when it came to others, I found someone I could
look up to and even open up a little.
I’ve always been supported by my
friends, but everyone already knew what to expect from me, I was stagnant, this
friendship brought me a new version of support that I didn’t know until then –
challenge. A person that didn’t just believe I could do the things I did, but
that challenged me to do more. Unlike my previous friendships, this one wasn’t
always so peaceful, because challenge means failing (at some point), and I’m
not very good at that… But despite all that for the most part we got along.
There was just one thing I did
that would get her mad, and at the time I really couldn’t, for the life of me,
understand why. In her opinion I apologized too much! And it’s not that I didn’t
see some truth in what that, because sometimes it was more of a nervous reflex
than anything else, but still I didn’t understand why it annoyed her so much. She
was never quite able to explain it either, so I don’t if, in her opinion, doing
it belittled the true value of an apology, if she felt I was lowering myself
before her and that make her uncomfortable, or if it wasn’t something else completely
unrelated. What I do know is that this was
one of the things we were never able to see eye to eye, because if there’re two
things I feel the urge to say enough is “I’m sorry” and “thank you”, as I don’t
think people say it (and mean it) enough. And to a certain degree it her
reaction started to annoy me because, maybe I did use it as a reflex once in a
while, but most times I was genuinely sorry (I was apologetic about a lot of
things back then).
This all happened in a very weird
time of my life - a lot changes, some darker moments, followed by an sudden
loss… And eventually, over time we grew apart. We still see each other
occasionally, and I know we’ll always be rooting for each other and wishing each
other the best, but we just grew in different directions.
The funny thing is that now, to
some degree, I do understand her perspective back then.
I never apologized again without
thinking about what she used to say, and at first I hated it, because I didn’t
want to be the kind of people who never apologizes, but then I realized that
there’s a middle ground, that you can, and should, think about when to say “I’m
sorry”. When I started hearing myself, I noticed that I was often apologizing
because I was insecure, I noticed I apologized too many times for being who I
was, and though I didn’t love myself, there were a lot of things I was proud of
and didn’t want to apologize for.
I’ve noticed this in other
people, in kids and teens, they’re so afraid of disappoint they keep
apologizing even when they have no reason for it, it all comes from lack of confidence,
from not wanting to make mistakes for fear that people go away and leave them
behind.
Time and our life experiences
(hopefully) allow us to become more comfortable with ourselves and when we are,
than we can be more at ease with others.
I still apologize often, if
nothing else because it is important for me to take accountability for my
mistakes, but I think I do understand my friend now, and I think in a weird way,
back then she might have been trying to protect me and teach me a lesson, it
just took me a few years to get there.
Uma lição que nunca esqueceste, que tenhas aprendido com um amigo de quem, com o tempo, acabaste por te afastar
Nota 3: Enquanto estou em quarenta, e numa tentativa de impedir que o meu cérebro se transforme em papa vou tentar completar um desafio de escrita de 30 dias. Cada dia terá um tópico sobre o qual deverei escrever.
A maioria das minhas amizades são duradouras, a frequência com que vejo os
meus amigos é influenciada, claro, pelas circunstâncias da vida, mas os
sentimentos mantêm-se.
Não sei bem como explicar isto, mas as minhas amizades foram sempre muito
tranquilas, nunca fui pessoa de me envolver em grandes discussões e, apesar de
me dar com pessoas muito diferentes, todos nos aceitávamos muito bem e nunca questionávamos
as personalidades uns dos outros. Por isso, foi com alguma surpresa que, no fim
da minha adolescência, experimentei uma amizade diferente.
Um dia conheci uma rapariga e, apesar de sermos ambas pessoas normalmente desconfiadas,
do que me lembro, até nos demos bem rapidamente. À primeira vista eramos o
oposto uma da outra – diferentes passados, diferentes valores, diferentes
padrões, diferentes personalidades, diferentes motivações… mas, por alguma razão,
entendíamo-nos bem. Nessa altura, há 14 ou 15 anos, não sabia identificar bem o
que seria que tínhamos em comum, hoje penso que eram as nossas inseguranças
(apesar de lidarmos com elas de formas muito diferentes).
Tínhamos vários amigos em comum e estávamos normalmente em grande grupo
onde brincávamos e ríamos, mas as nossas conversas mais profundas, e foram
muitas, aconteceram por escrito. Isto foi nos tempos áureos das sms e do Messenger,
em que o pessoal passava noites acordadas a conversar em grandes debates filosóficos.
Líamo-nos bem uma a outra, acho que eramos as duas boas a observar e a
identificar as emoções nos outros, não necessariamente tão boas a saber o que
fazer com elas no momento, por isso escrever ajudava, dava tempo para
processar.
Tínhamos uma diferença de idades significante (na altura) e eu estava num
momento da minha vida em que ainda estava à procura de alguma orientação, de
algum “mentor” que me ajudasse a lidar com a vida e as frustrações de crescer e
aceitar a minhas limitações, e até certo ponto encontrei isso nessa amizade. Apesar
de, em algumas coisas, termos pontos de vista totalmente diferentes, em relação
a outros encontrei alguém em quem me podia inspirar e até confiar um pouco.
Sempre fui muito apoiada pelos meus amigos, mas já toda a gente sabia o que
esperar de mim, e por isso estava estagnada, esta amizade trouxe-me uma versão
diferente de apoio que eu até então desconhecia – o desafio. Esta amiga não só
me apoiava naquilo que eu já fazia, como também me desafiava a testar os
limites. Também por isso, ao contrário das minhas restantes amizades, as coisas
foram um bocadinho mais atribuladas, mas ainda assim, as coisas correram bem.
Havia só uma coisa que eu fazia que deixava a minha amiga super irritada e
que eu, por mais que tentasse, não conseguia perceber porquê. Na opinião dela
eu pedia desculpa demasiadas vezes! E não é que eu discordasse, porque a
verdade é que às vezes o fazia quase como um reflexo nervoso, mas não percebia
porque é que isso a incomodava tanto. Ela também nunca me soube explicar, não
sei se achava que as desculpas assim perdiam força, se sentia que ao fazê-lo eu
me estava a rebaixar e isso a deixava desconfortável, ou se era algo totalmente
diferente… O que eu sei é que foi algo em
que nunca estivemos de acordo. Para mim pedir desculpa e dizer obrigada são
coisas muito importantes e que muitas vezes ficam esquecidas, por isso chegou a
um ponto que já eu ficava chateada com a sua reacção, porque embora eu pudesse,
ocasionalmente, fazê-lo de forma reflexa, de uma maneira geral as minhas
desculpas eram sentidas (talvez desproporcionais, mais sentidas).
Isto tudo aconteceu numa altura estranha da minha vida – muitas mudanças,
momentos mais negativos, seguidos de uma perda inesperada… Com o tempo acabámos
por nos afastar, e a amizade foi-se desvanecendo. Ainda nos vemos com alguma
regularidade e sei que estamos sempre a torcer uma pela outra, mas crescemos em
direcções diferentes.
O engraçado de tudo isto é que agora consigo perceber melhor a perspectiva
dela.
Desde essa altura nunca mais voltei a pedir desculpas sem pensar no que me
dizia, ao inicio isso chateava-me, porque não me queria tornar numa daquelas
pessoas que nunca pede desculpas, mas depois percebi que há um meio termo, e
que faz sentido usar a palavra “desculpa” apenas quando realmente a sentimos.
Quando me comecei a ouvir, reparei que grande parte das vezes que pedia
desculpas era porque estava insegura, notei que pedia demasiadas vezes
desculpas simplesmente por ser quem era, e apesar de não me adorar, a verdade é
que havia coisas de que me orgulhava e não me queria desculpar.
Entretanto já notei isto noutras pessoas, nomeadamente nos miúdos, têm
tanto receio de nos desiludir que pedem desculpa por tudo e por nada, é tudo
uma questão de falta de confiança, de terem receio de errar, que as pessoas os
abandonem e os deixem para trás.
O tempo e as nossas experiências de vida vão, se tudo correr bem,
ensinando-nos a ficar mais confortáveis com quem somos, e quando isso acontece,
ficamos mais confortáveis com os outros também.
Ainda peço desculpas muitas vezes, mais que não seja porque é importante para
mim assumir os meus erros, mas acho que agora percebo melhor a minha amiga, e
acho que de certa forma o que ela queria na altura era proteger-me e ensinar esta
lição… que eu aprendi… demorei foi uma década e meia!
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