Tuesday, March 24, 2020

Something you've learned the hard way / Uma lição que tenhas aprendido de maneira difícil (Day 4)

Note 1: While being quarantine, in an effort to try to prevent my brain to turn into mush I'll try to complete a 30 Day writing challenge. Each day I'll get a prompt about which I should write.

Nota 2: versão portuguesa mais abaixo.


C.S. Lewis said “Experience is a brutal teacher, but you learn… My God you learn”, and the truth is that there are things in life you need to go through in order to fully understand. We, parents and educators, have this innate tendency to want to shield children from pain, frustration, disappointment, we offer advice, we try to stir them in the right way, anticipate their mistakes, but the reality is that we can’t (and we shouldn’t) try to prevent them from learning on their own.

One thing that I’ve had to learn over the years is to let people go, as hard as that can be, to accept that sometimes people just aren’t in the right place with themselves to be able to be a part of your life, that sometimes people need to pull away to figure themselves out, and that it is not your responsibility to carry that relationship alone.

Friendships go through different degrees of intensity in its course, that’s only normal. And it happens frequently that naturally, for no specific reason, people who you used to be very closed to eventually become just acquaintances. Life gets in the way, people grow apart, and gradually and slowly the separation just happens. You cherish what you once had,  you like to keep track of what that person is doing because you genuinely want the best for them, once in a while you may even get a little nostalgic and believe you can just reconnect and go back to what you had, but then you move on. There’s no bitterness, no regret, just joy in whatever it was that you shared in the past.

This is the normal process, it’s still a lesson, for sure, because when we’re little we believe that everything is forever, and friendships are no different. It’s later with life that we realize that things aren’t exactly like that. However, it’s such a discrete and gradually lesson that it doesn’t shock us that much.

The hard lesson comes when you have to accept the end of friendships that you don’t feel have followed its natural course. And it’s bound to happen too, because everyone is fighting their own demons, but it was difficult to accept because you see, introverts have this weird egotistical complex that everything is their fault, so it took me a while to understand that sometimes no matter how much you’re willing to try, it doesn’t depend on you. 

The hard part is that unlike when people just grow apart, these kinds of “breaks” are usually more sudden and make less sense. You didn’t stop having things in common, you didn’t stop caring for each other, you still see a lot of potential in that relationship, but for some reason one of you needs space. Usually what happens is that at first you try to find excuses for that behavior, you keep trying harder, questioning what you are doing wrong, but eventually after a period of being constantly hurt or unrequited, the feeling turns into resentment and suddenly the good memories you had with that person have a sour flavor.

What I’ve learned over the years (the hard way) is that we shouldn’t let the situation we are in the present diminish the feelings we had in the past, because regardless where we are now, at some point that person was important to you, they had a purpose in your life (and you in theirs), and just because things didn’t work out the way that you expected it doesn’t mean you shouldn’t be grateful for what you had.

I’m a big believer in not giving up and working things out, but every relationship, whether with lovers, friends, or families, needs the commitment of both sides in order to work, and that’s tricky because people’s timings are different and they don’t necessarily always synchronize as you wish. Therefore, you should try your best but sometimes you have to let people go and eventually, with time, some may return to your life, but others won’t, and that’s okay.

The lesson is that if you don’t deny the relationships from your past (regardless their outcome) then none of it will have been a waste time. Embrace the journey, enjoy as much as you can the people who are in your life, absorb their wisdom but move on happily if you have to.



Uma lição que tenhas aprendido de maneira difícil

Nota 3: Enquanto estou em quarenta, e numa tentativa de impedir que o meu cérebro se transforme em papa vou tentar completar um desafio de escrita de 30 dias. Cada dia terá um tópico sobre o qual deverei escrever. 


C.S Lewis disse “A experiência é um professor cruel, mas ensina… meu Deus, ensina”, e a verdade é que há coisas na vida que temos de viver de forma a as podermos compreender. Nós, pais e educadores, temos uma tendência inata para querer proteger as crianças da dor, frustração e desilusão, damos conselhos, tentamos encaminhá-los na melhor direção, antecipar os seus erros, mas a verdade é que não podemos (nem devemos) tentar impedir que aprendam pela sua própria experiência.

Uma coisa que aprendi nos últimos anos é que temos de deixar as pessoas seguir o seu próprio rumo por muito que nos custe, temos de aceitar que às vezes as pessoas não estão bem consigo mesmas ao ponto de conseguirem equilibrar uma relação com os outros. Às vezes as pessoas precisam de se distanciar para se encontrarem a elas mesmas, e quando isso acontece não nos cabe a nós carregar o peso dessa relação sozinhos.

As amizades passam por diferentes estágios de intensidade, é normal. E acontece frequentemente que de forma natural, sem motivo nenhum em particular, pessoas de quem costumávamos ser muito próximos aos poucos se tornem meros conhecidos. A vida mete-se pelo caminho, as pessoas deixam-se de identificar com os mesmos interesses, e de forma gradual, aos poucos essa separação vai acontecendo. Com o tempo, continuas a apreciar a amizade que tiveram, tentas manter algum contacto para saber como a pessoa está, porque apesar da distância desejas-lhe o melhor, eventualmente uma ou outra vez tens um ataque de nostalgia e fazes planos para reativar a amizade, mas isso passa e acabas por seguir o teu caminho. Não há amargura, nem arrependimentos, apenas memórias felizes do que viveram juntos.

Esse é o processo normal, não deixa de ser uma lição de vida, porque quando somos crianças acreditamos que tudo é para sempre – especialmente as amizades – mas tudo acontece de forma tão discreta e gradual que não é uma lição que nos choque muito.

A lição difícil é quando temos de aceitar o fim de uma amizade que não acreditamos ter seguido o seu percurso natural. É inevitável que aconteça, porque toda a gente tem os seus próprios demónios para enfrentar, mas é muito mais difícil de aceitar, principalmente para pessoas introvertidas, que têm uma tendência contraditória para achar que tudo é culpa sua. Eu demorei algum tempo a perceber que às vezes por mais que tentemos, não depende de nós.

A parte difícil é que, ao contrário do que acontece quando as pessoas se afastam naturalmente, nestes casos a “separação” é muito mais repentina e ilógica. Não pararam de ter interesses comuns, não pararam de gostar um do outro, ainda vês um potencial enorme na relação, mas por alguma razão uma das pessoas precisa de se afastar. Quando isto acontece, a primeira tendência é encontrar desculpas para esse comportamento, continuar a tentar, questionar o que estamos a fazer errado, mas com o tempo, a sistemática rejeição vai levar ao ressentimento e de repente as boas memórias são manchadas por um sabor amargo.

O que aprendi (de maneira difícil) é que não devemos deixar que a situação presente diminua os sentimentos que tivemos no passado, porque independentemente do que estamos a viver neste momento, aquela pessoa foi importante para nós, teve um propósito na nossa vida (e nós na dela), e só porque as coisas não correram como esperávamos, não quer dizer que não estejamos grato pelo que vivemos.

Acredito que não se deve desistir, que se deve trabalhar e tentar resolver as coisas, mas todas relações -  amorosas, de amizade, com a família - precisam do comprometimento de ambas as partes para funcionarem, e essa é a parte complicada… porque as pessoas têm timings diferentes que nem sempre se sincronizam como gostaríamos. Por isso, às vezes temos simplesmente de deixar as pessoas seguirem o seu rumo. Com o tempo algumas irão reentrar nas nossas vidas, outras não, e não faz mal.

A lição que aprendi é que se não rejeitarmos as relações do nosso passado (independentemente de como tenham ou não terminado) então nunca será tempo perdido. Devemos aproveitar a viagem, desfrutar ao máximo das pessoas que temos nas nossas vidas, absorver o que têm para nos ensinar, mas seguir com a nossa vida se assim tiver de ser.

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