Note 1: While being quarantine, in an effort to try to prevent my brain to turn into mush I'll try to complete a 30 Day writing challenge. Each day I'll get a prompt about which I should write.
Nota 2: versão portuguesa mais abaixo.
I was an active kid, I had my
fair share of scrapped knees and broken tights, I spent recess playing catch or
ball with the boys, I was even friendly with the “trouble makers”, but I’ve
always been a rule follower. I thrived at following rules, I was always the
“good girl”, I didn’t take unnecessary risks, every decision was calculated. I
guess part of it was innate, it was just who I was, but the other part was
that… in the rare occasions I decided to take a chance, results didn’t tend to
be great…
When I was about 9, I was at my
backyard on the swings, alone, no one was looking, I was feeling brave… so I decided
to break the rule and do what every kid does a thousand times during childhood
and jump off the moving swing. To be fair, it was barely moving, but I was a
rule follower and I had heard over and over I had to wait until it stopped so I
wouldn’t get hurt… But no one was looking, and I was feeling brave. I regretted
my decision the moment my body hit the ground. I laid there, flat, and I
remember thinking to lower my head so not to have the swing bump into it.
My dad was just a few feet away,
completely unaware of my fall and I refused to release the tears that flooded
my eyes. At that very moment I’m not sure what hurt the most – my wrist or my
pride.
I took a deep breath, got up and dusted
myself off. I didn’t feel I have the right to cry, I made a choice, I had to
accept the consequences. Stoically I walked right by my dad, the whole time
thinking “Why the hell didn’t I listen? Why did I jump?”, but I didn’t say a
word. I walked home and looked for my mom, hurting, but not crying (it was my
fault), when I finally found her, I told her I was hurt and I fainted!
They took me to the hospital, the
first and only time I ever went to the emergency room for an injury. Because I
had fainted my mom worried I had a concussion, but I was sure I had followed
THAT rule and protected my head (I wasn’t going to go 2 for 2 on the same
day!). They must have given me something for the pain, or maybe it was the
adrenaline, the only thing I remember from the ambulance ride as they transfer
me to another hospital is that I was talking the WHOLE time. I don’t remember
any pain, to be honest, I don’t remember much at all after that.
When my body finally hit the bed
that night something else was troubling my mind… You see, I was always a
terrible sleeper, so from a very young age I learned to control my dreams. I
would go to bed, come up with a story, think very hard about it and this way I
would dream about it instead of having nightmares. The thing was that one
recurrent topic of my (intentional) dreams was me being hurt in some way*
(usually trying to save someone) – like being hit by a car, or falling down a
abyss, being attacked by a robber – the ending was always good, but
occasionally with some injuries, quite often, because I was 9 and didn’t know
many others, in my dreams I ended up with a broken arm.
So when I finally get home and
the reality of it all started to sink in, a wave of guilt came over me, as I
wondered if dreaming about it had caused my injury. As my mom was leaving the
room I asked her, without offering any details, if things happened because we
dreamed of it… she probably thought it was the drugs talking.
All of this happened in the
summer, which meant that according to the doctors I was not allowed in the
swimming pool or the beach. Luckily for me, my mom is much better at breaking
rules than I ever was so she would wrap my cast in cling wrap and to the water
I went.
About a week after I took off my
cast we were at the beach with the whole family, in Algarve, and we had rent
these pedal boats we used to ride every year, except on that year the
innovation factor was that they came with an attached slide.
We were having great fun sliding
down until my older brother decided it was even more fun if instead of sliding
sitting down, he would stand on the slide (on a moving pedal boat) and jump down
to the water, clearly against all safety rules. Obviously, I decided I should
try too… So I was standing there, trying the best to keep my balance when a
small wave approached, with the best intentions my dad reached for my ankle to
hold me, but instead pulls on it and completely cut me off… Needless to say I
went down flying, not only hitting the water hard, but hitting the boat on my
way down… I swear my first thought before even coming back to the surface was…
“I broke my arm again!”.
Luckily, I didn’t… I got a scar
that lasted a few years, but eventually faded away.
After that I went back to
following rules, before I’d kill myself.
* I later found out there’s a
name for it, Lachesism, the desire to be struck by disaster,
Uma memória de infância
Nota 3: Enquanto estou em quarenta, e numa tentativa de impedir que o meu cérebro se transforme em papa vou tentar completar um desafio de escrita de 30 dias. Cada dia terá um tópico sobre o qual deverei escrever.
Quando era pequena era uma miúda activa, rasguei muitos collants, os
joelhos andavam sempre esfolados, passava os intervalos a jogar Cirumba e à lata
com os rapazes, até me dava com os “rufias” da escola, mas cumpria sempre as
regras.
Era a menina certinha, não tomava riscos desnecessários, todas as decisões
eram calculadas. Parte acho que era mesmo a minha personalidade, a outra parte
é que nas raras vezes que decidi arriscar e sair do risco as coisas não me
correram muito bem…
Um dia, quando tinha cerca de 9 anos estava no jardim de casa, a andar de
baloiço sozinha. Ninguém me estava a ver e eu senti-me corajosa… por isso
decidi quebrar as regras e fazer aquilo que todos os miúdos fazem mil vezes
durante a sua infância, saltar do baloiço em movimento. Para dizer a verdade, o
baloiço estava praticamente parado, mas eu era uma seguidora de regras e tinha
ouvido vezes sem conta que tinha de deixar o baloiço para antes de sair para
não me magoar… Mas ninguém estava a ver, e eu senti-me corajosa. Arrependi-me da
minha decisão no momento que o meu corpo se tocou no chão! Ali fiquei,
estatelada, e lembro-me de ter o cuidado de baixar a cabeça para não levar com
o baloiço.
O meu pai estava apenas a uns metros de distância, na jardinagem, e nem
reparou e eu recusei-me a chorar. Naquele momento nem sei o que me doía mais –
o meu pulso ou o meu orgulho.
Respirei fundo, levantei-me e sacudi a terra da minha roupa. Não me sentia
no direito de chorar, tinha desobedecido às regras agora tinha de aceitar as consequências.
Estoicamente, dirigi-me para casa, passei pelo meu pai, o tempo todo a pensar “Porque
é que não ouvi? Porque é que resolvi saltar?”, mas não lhe disse nada. Quando
entrei em casa procurei pela minha mãe, cheia de dores, mas ainda a conter o
choro (a culpa tinha sido minha), quando finalmente a encontrei expliquei o que
tinha acontecido e desmaiei.
Levaram-me para o hospital, a primeira e única vez na minha vida que fui
para o hospital por uma “lesão”. Como tinha desmaiado, a minha mãe estava com
receio que tivesse um traumatismo craniano ou algo assim, mas eu tinha a
certeza que ESSA regra eu tinha seguido – tinha protegido a cabeça (não ia desafiar
duas regras de seguida!). Devem-me ter dado alguma coisa para as dores, ou
talvez fosse a adrenalina, a única coisa que me lembro da viagem de ambulância
até ao hospital para onde me transferiram é que não me calei um bocado! Não me
lembro das dores, na verdade não me lembro de muito a partir desse momento.
Quando finalmente chegámos a casa outra coisa me preocupava… Sempre dormi
mal, sonhava muito, tinha muitos pesadelos, por isso desde muito cedo aprendi a
controlar os meus sonhos. Ia para a cama, inventava uma história, pensava nisso
com muita força e acabava por sonhar com isso. O problema é que um dos temas recorrentes
dos meus sonhos (intencionais) era eu acabar magoada de alguma forma*
(normalmente a tentar salvar alguém) – por exemplo era atropelada por um carro,
caía de um precipício, era atacada por alguém violento – o final era sempre
feliz, mas sempre com algumas mazelas, muitas vezes, até porque era miúda e não
sabia muito mais, o resultado era um braço partido.
Assim, quando nessa noite cheguei à cama e a realidade se começou a
entranhar, fui inundada por uma onda de culpa, pois comecei a perguntar-me se
era por ter sonhado isso tantas vezes que se tinha tornado realidade. Sem
oferecer grandes detalhes lembro-me de perguntar à minha mãe antes dela sair do
quarto se sonharmos com alguma coisa fazia com que se tornasse realidade… ela
provavelmente pensou que eu já tinha tomado remédios a mais.
Tudo isto aconteceu no verão, ou seja, fiquei proibida pelos médicos de ir
à piscina ou à praia por causa do gesso. Felizmente para mim, a minha mãe era
muito melhor a quebrar regras do que eu, e por isso embrulhava-me o braço em película
aderente e mandava-me para a água.
Pouco tempo depois de tirar o gesso, fomos de férias para o Algarve com
toda a família e tal como era tradição alugámos aquelas gaivotas a pedal para
andar no mar. A novidade desse ano era que as novas gaivotas agora tinham um
escorrega incorporado.
Foi um sucesso, estávamos super divertidos, a descer o escorrega quando o
meu irmão se lembrou que seria ainda mais divertido, se em vez de nos sentarmos
e escorregarmos para a água, nos puséssemos em pé em cima do escorrega (numa gaivota
em pleno mar) e saltássemos para a água. Isso era claramente uma má ideia, e
contra todas as regras, mas nenhum adulto se opôs, e claro que depois de ele
experimentar com sucesso eu quis tentar também. Subi as pequenas escadas,
pus-me em pé em cima do escorrega, tentei manter o equilíbrio e nisto uma
pequena onda aproxima-se. O meu pai cheio de boas intenções agarra-me o
calcanhar para me estabilizar, só que acaba por puxá-lo e… claro está fui a
voar em direção à água batendo com o corpo em várias partes da gaivota pelo
caminho. Imediatamente senti uma dor enorme no meu braço, e juro que antes de
vir ao de cima já estava a pensar “Parti o braço outra vez!”.
Felizmente não…. Fiz um enorme arranhão e fiquei com uma cicatriz durante
anos, mas que acabou por desaparecer.
Depois desse dia decidi voltar a seguir as regras antes que acabasse por me
matar.
* Supostamente parece que existe uma coisa chamada lacheism, que é o desejo
de ser atingido por um desastre.
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