Note 1: While being quarantine, in an effort to try to prevent my brain to turn into mush I'll try to complete a 30 Day writing challenge. Each day I'll get a prompt about which I should write.
Nota 2: versão portuguesa mais abaixo.
To me the answer is simple, not
because I’m full of certainties, but because I’m just too skeptical, and I don’t
have it in me to believe in a higher power. I don’t argue that for sure it
doesn’t exist, in fact I don’t argue it at all, I’m just not able to believe
it. I think faith - in destiny, God or in the stars - can have a positive impact
in people’s lives. A lot of times, in the must excruciating times, it’s the
only thing that gives them hope and a reason to keep living, so I don’t oppose
to it. I think whatever works for people they should keep doing it, but
personally I have a few problems with it…
To start, I have a very hard time
believing in a higher power that allows children to die of hunger, people to be
raped, women to be tortured because of their gender, homosexuals to be murdered
because of their sexual orientation, innocents to be killed in name of God,
just to name a few…
Then, I have a problem with a
system of believing that coerces people to act in a certain away, a system that
encourages the following of its rules by fear of hell or karma or whatever else
you want to call it (for it we already have something called “the law”).
Lastly, as it is, I already find
it difficult to have a purpose in life, if everything is already written in the
stars, if there’s a God that will push me in a certain path that He has chosen
for me, then what am I really doing here? Am I anything other than a puppet? If
everything is already mapped out, if all we can do is believe “everything
happens for a reason” or “God will never give you more than you can handle”, than
we’re just “victims” of this higher power. We have no saying, no choice. If
that’s the truth than how does that prevent us to just accept we deserve all
the bad things that life may throw at us, how does that empower us to be more,
to make bold choices, to dare, to be better, to fight back?
I believe people should do what
works for them, and I know a lot of people manage to find a nice balance
between these two worlds, where they can have faith and still be incredible proactive,
but I can’t and so I had to find what works for me.
And what that is is having faith
in people, and if you can, better yet, have faith in yourself.
I need to make sense of things,
and the only way I can (try to) make sense of this world is if I believe that
my choices matter, if I believe that we pave our own life. Now I’m not naïve or
egotistical enough to think that we can control every circumstance, in fact, I’m
quite aware that there’re a lot of things we can’t control, but I chose to focus
on the ones I can.
I don’t want to believe that
every person that is suffering deserves that suffering. I rather try to get involved,
chose a cause, find or create initiatives that can help them overcome it.
I don’t want to live my life
based on the interpretations that someone makes of a sacred book. I don’t want
to live in fear of what may happen to me in the afterlife. In the same way, I
don’t want to do good deeds just so I can build a positive credit of “good
karma” that will eventually come back to me. I prefer to live my life following
a set of values I believe, to the best of my ability, taking responsibility for
my personal choices and actions, trying to keep my moral compass well
calibrated, without fearing consequences or expecting rewards, just because it’s
the right thing to do.
The truth is that I can’t justify
why I get to live the life I have, had the chance to study, travel, be with my family,
have a home, a safe workplace… while somewhere across the globe, a woman just
like me, maybe even smarter, or stronger or more resilient, lives in no
conditions, watches her family die, her life be destroyed… I can’t find it in
me to believe in a higher power than can explain this, so the best I can do is
try to make the most of the chance I have. I try not to let myself be defined by
my fears, I try to work on myself to become a better person, I try to use my
life to make a difference in any way that I can. And I choose to do it freely
because it gives me purpose, because it’s the only way I can find to cope with a
world I don’t understand.
Religião, destino ou livre arbítrio?
Nota 3: Enquanto estou em quarenta, e numa tentativa de impedir que o meu cérebro se transforme em papa vou tentar completar um desafio de escrita de 30 dias. Cada dia terá um tópico sobre o qual deverei escrever.
Para mim a resposta é fácil. Não por estar cheia de certezas absolutas,
simplesmente porque sou muito céptica e não tenho a capacidade de acreditar num
poder divino. Não discuto que tenho a certeza que não existe, na verdade, não
discuto de todo, simplesmente não sou capaz de acreditar. A fé – no destino, em
Deus, nas estrelas – pode ter um impacto muito positivo na vida das pessoas.
Muitas vezes, nas situações mais difíceis, é a única coisa que lhes dá
esperança e força para continuar, por isso não me oponho a ela. Cada um deve
seguir aquilo que funciona para si, mas eu pessoalmente tenho alguns problemas
com a fé…
Para começar, é-me muito difícil acreditar num poder divino que permite
crianças a morrer à fome, pessoas serem violadas, mulheres serem torturadas
pelo seu género, homossexuais serem atacados pela sua orientação sexual,
inocentes serem mortos em nome de Deus, só para nomear alguns…
Depois, também tenho um problema com um sistema de crença que força as
pessoas a agir de forma, um sistema que encoraja o seguimento das suas regras
pelo medo, medo do inferno, do Karma, ou de o que lhe quiserem chamar (para
isso já temos uma coisa chamada “lei”).
Por fim, já tenho alguma dificuldade em encontrar um propósito para a vida,
se já está tudo escrito nas estrelas, se há um Deus que me vai empurrar pelo
caminho certo que Ele já escolheu, então o que é que estou aqui a fazer? Serei
eu algo mais do que um fantoche? Se tudo já está decidido, se devemos acreditar
que “tudo acontece por uma razão” ou que “Deus nunca te dá nada que não consigas
aguentar”, então na verdade somos meramente vítimas desse poder divino. Não
temos escolha. Se isso é verdade, então como é que isso nos impede de acreditar
que merecemos tudo de mal que nos acontece na vida? Como é que isso nos
empodera para nos tornarmos melhores, fazermos escolhas mais arriscadas?
Acredito que as pessoas devem fazer o que funciona para elas, e sei que há
muitas pessoas que conseguem encontrar um equilíbrio saudável entre entes dois
mundos – onde conseguem ter fé e ainda assim ser muito proactivas - mas eu não
consigo, por isso tive de encontrar o que funciona para mim.
E o que funciona para mim é ter fé nas pessoas, e se possível, melhor
ainda, ter fé em ti mesmo.
Preciso de arranjar um sentido para tudo, e a única forma que consigo de
(tentar) arranjar um sentido para este mundo é se acreditar que as minhas
escolhas importam, se acreditar que fomos nós que construímos o nosso próprio
caminho. Não sou ingénua nem egocêntrica o suficiente para achar que controlamos
todas as circunstâncias, aliás, estou bem ciente que há muito poucas coisas na
vida que podemos controlar, mas eu escolho concentrar-me nas que consigo.
Não acredito que toda a gente que está a sofrer merece esse sofrimento. Em vez
de aceitar isso, prefiro tentar envolver-me, escolher uma causa, encontrar ou
criar iniciativas que as ajudem a ultrapassar os obstáculos.
Não quero que a minha vida se baseie nas interpretações que alguém faz de
um livro sagrado. Não quero viver com medo do que me vai acontecer depois da
morte. Nem tão pouco quero fazer boas acções meramente para ganhar crédito de karma
positivo. Prefiro fazer a minha vida de acordo com um conjunto de valores em
que acredito, o melhor que consiga, assumindo a responsabilidade das minhas escolhas
e das minhas acções, tentando manter calibrada a minha bússola moral, sem temer
consequências ou esperar recompensas, fazendo simplesmente o que acredito ser o
mais certo.
A verdade é que não consigo justificar porque +e que eu tenho esta vida,
onde tive oportunidade de estudar, viajar, ter uma casa, a minha família, um
local de trabalho seguro… quando algures no outro lado do globo uma mulher igual
a mim, talvez até mais inteligente, ou forte, ou resiliente, vive sem
condições, vê a sua família morrer, a sua vida destruída… Não consigo acreditar
num poder divino que justifique isto, o melhor que consigo fazer é tentar tirar
máximo partido da oportunidade que tive. Tentar não deixar que os meus medos me
definam, tentar constantemente tornar-me numa pessoa melhor, tentar usar a
minha vida para marcar a diferença sempre que conseguir. E escolho fazê-lo
livremente porque me dá um propósito, porque é a única forma que tenho de lidar
com um mundo que não compreendo.
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