Monday, March 23, 2020

Getting Old(er) / Envelhecer (Day 3)



Note 1: While being quarantine, in an effort to try to prevent my brain to turn into mush I'll try to complete a 30 Day writing challenge. Each day I'll get a prompt about which I should write. 


Nota 2: versão portuguesa mais abaixo.




There’re a lot of bad feelings associated with getting older, especially for women, at they start very early… Until your 20s you’re okay, but as soon as you start getting closer to 30 people start asking how you feel about getting older, when you plan on settling down, that you need to slow down, look a certain way, etc. We often hear that 30s are the new 20s, or that 40s are the new 30s… but why can’t 40s just be 40s? Why do we have to label and box these age groups?

I know 60 years old who are way more energetic and crazier than any teenagers I’ve ever met. And I’ve known children with incredible old souls… The reality is that often, age doesn’t really mean much.

I personally went on reverse on this trend… I wanted to freeze time when people usually want to fast forward it – in my teens. I was fine being 15 for the rest of my life, I didn’t want to become an adult. I always had a lot of freedom, so I never felt constricted, but I was an overachiever, I wanted to do everything and I wanted to do it right and so looking back I guess the reason I didn’t want to become an adult is because I didn’t feel ready for it, I didn’t feel like I knew everything.

Growing up I was often the youngest one… the youngest in my class, the youngest in my group of friends, the youngest at work, in life in general, very often I was just the youngest in the room… even so, it took me a while to realize that the people around me didn’t necessarily have life figured out just because they were older. I was so focused on the things I didn’t know yet, that I didn’t notice how nobody is ever really ready for life, no matter how old they are, that everyone is just doing the best they can, that you learn along the way and that it’s up to you whether you keep growing up or just getting old.

I can’t pin point exactly when my fear of growing up disappeared, if I’d have to guess I’d say maybe when I left home at 22. I really can’t remember the exact moment, but I think it happened the moment I stopped following this predesigned life scheduled and actually started living. When I got out of my shell, when I dared to take paths, I’d never imagine myself going through that fear just disappeared.

When I was younger, I was too focused on doing every thing right, in the “right” moment, in the expected (or even in less) time… but we are all different, so why should we all follow the same rules?

Nothing I did in the last decade was according to the life plan I had as a teenager, and I have absolutely no regrets. Do I feel the clock ticking? Yes, a lot of times I still do, the difference is that before the ticking was stressful, it added pressure, now it’s just a reminder that life doesn’t stop, so I don’t have to stop either.

Life teaches you about, well… life, and people, but above all it teaches you about yourself. It allows you to dig deeper into your soul, have a better awareness of who you really are and who you want to be. Aging, when done right, teaches you to be more compassionate with yourself, to learn to embrace your vulnerabilities and even turn them into strengths.

In my childhood I reached a level of happiness that I’ll hardly reach again – because it was naïve and simple and black and white. Adolescence was a very different period, there were moments of joy and a lot of friends, but it was also a period of a lot self-loathing, anxiety, loneliness and fear. Both periods were very intense, emotions running high all the time – good or bad. But somewhere along the day things shifted and all that insanity gave place to something very close to serenity.

Aging hasn’t turned me into a different person, but it has changed me. I’m now a combination of the all the things I’ve learned along the way. I still carry a lot of anxiety and fears of my adolescence, but I don’t drown in it anymore. I’m much more realistic and rational now, but I still chose to believe in the good of this world. I’m still a control freak who tries to make a plan for the next 10 years, but I’m open to detours.

There’s a balance that can be find with age, and that’s what’s reassuring about this journey. You don’t need to settle, but you don’t have to fight against yourself either. You can find a middle ground. You can keep on working on improving yourself without denying who you truly are.

So I don’t mind getting older, in fact, I enjoy getting older, because I don’t feel any worse than what I felt before, because I feel I’m still evolving.


Circa 1990



Envelhecer


Nota 3: Enquanto estou em quarenta, e numa tentativa de impedir que o meu cérebro se transforme em papa vou tentar completar um desafio de escrita de 30 dias. Cada dia terá um tópico sobre o qual deverei escrever. 


Há muitos sentimentos negativos associados à ideia de envelhecer, principalmente para as mulheres, e o pior é que começam muito cedo… Assim que começas a aproximar-te dos 30 anos as pessoas começam a perguntar-te como te sentes por estar mais velha, quando planeias assentar, ter um emprego mais estável, as pessoas esperam que tenhas uma certa aparência, etc. Com regularidade ouvimos que os 30 são os novos 20, que os 40 são os novos 30… mas porque é que os 40 não podem ser só os 40? Porque é que temos de etiquetar e organizar em caixas as pessoas com determinada idade?

Tenho amigos de 60 anos que são mais energéticos e malucos que qualquer adolescente. E conheço crianças com almas profundamente maduras. A verdade é que muitas vezes, a idade de uma pessoa não nos diz grande coisa a seu respeito.

Pessoalmente vivi esta “moda” ao contrário. Eu quis congelar o tempo numa idade em que normalmente se quer acelerá-lo – na adolescência. Eu queria ter 15 anos para sempre, não queria ser adulta. Sempre tive muita liberdade, por isso não me sentia presa, mas sempre fui perfeccionista, queria fazer tudo e queria fazer tudo bem, por isso, olhando para trás acho que a razão pelo qual não queria ser adulta era por não me sentir preparada para esse papel. Sentia que ainda não sabia tudo o que precisava para ser adulta.

Fui quase sempre a mais nova… a mais nova da turma, a mais nova do meu grupo de amigos, a mais nova no trabalho, no geral, em várias situações em que me encontrava era muitas vezes a pessoa mais nova da sala… Ainda assim, demorei algum tempo a perceber que as pessoas à minha volta não estavam assim tão preparadas para a vida adulta, só pelo facto de serem mais velhas. Estava tão concentrada naquilo que eu ainda não sabia, que nem reparei que ninguém na verdade está alguma vez preparado para a vida, que, independentemente da sua idade, toda a gente faz apenas o melhor que consegue, que é a própria vida que nos vai ensinando e que depende de nós se vamos crescendo ou apenas envelhecendo.

Não sei exactamente quando é que o meu medo de crescer desapareceu. Se tivesse de adivinhar, talvez por volta dos 22 anos, quando saí de casa. A verdade é que não consigo precisar, mas penso que aconteceu no momento que deixei de seguir um calendário de vida predefinido e comecei simplesmente a viver. Quando saí da minha concha, quando comecei a fazer escolhas por mim, sem qualquer pressão da sociedade, quando me atrevi por caminhos desconhecidos… esse medo simplesmente foi desaparecendo.

Quando era mais nova, era obcecada com fazer a coisa certa, no momento certo e no menor tempo possível. Mas se somos todos tão diferentes, porque é que devemos seguir todos o mesmo ritmo?

Nada do que fiz na última década foi de encontro ao plano de vida que tinha enquanto adolescente, e no entanto, não me arrependo de nada. Sinto o tick tack do relógio? Sim, muitas vezes sim, a diferença é que antes esse tick tack causava stress, pressionava-me, agora é apenas um lembrete que a vida não pára e que por isso também eu posso não parar.

A vida ensina-nos sobre… a vida e as pessoas, mas acima de tudo sobre nós mesmos. Permite-nos mergulhar bem fundo na nossa alma, ter melhor consciência de quem somos e de como queremos ser. Envelhecer, se o abraçarmos da melhor forma, ensina-nos a ter mais compaixão por nós mesmos, ensina-nos a aceitar as nossas vulnerabilidades e até a torná-las em forças.

Na infância atingi um nível de felicidade que dificilmente atingirei novamente, pela inocência e simplicidade que a caracterizavam. A adolescência foi um período diferente, repleto de momentos de alegria e amizades, mas também um período de muita insegurança, ansiedade, solidão e medos. Ambos foram muito intensos, emoções sempre em alta…. as boas e as más. Mas algures pelo caminho as coisas mudaram e toda essa insanidade deu lugar a algo muito parecido com serenidade.

Envelhecer não me tornou uma pessoa diferente, mas mudou-me. Hoje sou uma combinação de todas as coisas que aprendi pelo caminho. Ainda carrego muita da ansiedade e medos da adolescência, mas já não me afundo neles. Sou muito mais realista e racional do que era na infância, mas ainda escolho acreditar no que há de bom neste mundo. Ainda sou a pessoa obcecada que tenta ter um plano para os próximos 10 anos, mas estou aberta a desvios.

Há um equilíbrio que se pode encontrar com a idade, e é isso que é reconfortante nesta viagem. Não precisamos de nos acomodar, mas podemos parar de lutar contra nós próprios. Podemos encontrar um meio caminho. Podemos continuar a melhorar-nos sem negar quem realmente somos.

Por isso não me importo de envelhecer, aliás, é algo que me dá prazer, porque não me sinto nem um pouco pior do que me sentia antes, aliás sinto que estou a evoluir.

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