Sunday, March 22, 2020

Something that you miss / Coisas de que tens saudades (Day 2)


Note 1: While being quarantine, in an effort to try to prevent my brain to turn into mush I'll try to complete a 30 Day writing challenge. Each day I'll get a prompt about which I should write.


Nota 2: versão portuguesa mais abaixo.



Growing up there’re so many things that you gain and learn along the way. People you connect with that you’d never imagine possible, challenges you overcome though you never believe you were strong enough to face, moments of joy that fulfill you in a way you never anticipated. It’s good to keep that in mind, to believe the journey is worthy, but regardless how you feel about your present life there are always things you miss from the past, things that cannot be retrieved except in the form of memories.

I miss the times when I believed I could climb in my closet and magically travel to China every night.

I miss being so self-confident that I would enter a hotel and ask the pianist (in a foreigner language) to switch places with me and allow me to play for the guests. 

I miss the excitement of a night before a school trip.

I miss the feeling of hugs that could make everything feel better.

I miss those years when interacting with people came so naturally to me that my brother and my friends used be as a buffer to make new friendships.

I miss laughing for absolutely no reason, until our bellies hurt.

I miss the afternoons after school we spent watching MTV and recording all the cool videoclips (life before Youtube!).

I miss the certainty that one could change the world.

I miss the time I’d chatter non stop and had no filter.

I miss the butterflies in my stomach when I played hide and seek.

I miss the time I was so naïve that Santa left me a postcard written in Brazilian Portuguese at my Brazilian grandmother’s house, and I didn’t find it suspicious at all… Or the time I found Santa’s phone number in a book, something like 000-111-222 and spent days trying to get a connection.

I miss waking up happy, for no reason.

I miss spending almost 24h/day 7 days a week with my friends at school and basketball, and never run out of things to talk about.

I miss being truly inspired by something.

I miss the novelty of traveling.

I miss the feeling of experiencing something for the first time.

I miss the innocence of believing that doing the right thing always led to a positive result.



Coisas de que tens saudades


Nota 3: Enquanto estou em quarenta, e numa tentativa de impedir que o meu cérebro se transforme em papa vou tentar completar um desafio de escrita de 30 dias. Cada dia terá um tópico sobre o qual deverei escrever. 


Crescer significa ganhar e aprender tantas coisas. Criar relações com pessoas com quem nunca nos pensámos identificar, superar desafios que nunca nos achámos capazes de superar, encontrar alegria em momentos inesperados… É bom manter tudo isso presente e acreditar que o caminho vale a pena mas, independentemente do que sentimos em relação à nossa vida presente, há sempre coisas do passado das quais sentimos saudades. Coisas que não podem ser repetidas ou recuperadas a não ser na forma de memórias.

Tenho saudades dos tempos em que acreditava que o meu armário tinha uma passagem secreta para a China, para onde eu viajava todas as noites.

Tenho saudades de ser confiante ao ponto de entrar num hotel nos EUA e pedir ao pianista da recepção que trocasse de lugar comigo e me deixasse tocar para os convidados.

Tenho saudades da excitação da noite anterior a uma visita de estudo.

Tenho saudades do sentimento de conforto daqueles abraços que faziam tudo ficar bem.

Tenho saudades dos anos em que socializar era tão natural para mim que o meu irmão e os meus amigos me mandavam à frente para criar amizades.

Tenho saudades de rir à gargalhada, sem motivo, até ficar com dores de barriga.

Tenho saudades das tardes depois da escola que passávamos a ver MTV e a tentar gravar os videoclips do momento (vida antes do Youtube!).

Tenho saudades da certeza que uma pessoa pode mudar o mundo.

Tenho saudades dos tempos em que era tagarela e não tinha filtro.

Tenho saudades de sentir borboletas na barriga quando jogava às escondidas.

Tenho saudades de ser tão ingénua que não achei suspeito que o postal que o Pai Natal me deixou na casa da minha avó brasileira viesse escrito em português do Brasil… Ou de encontrar o número de telefone do Pai Natal no livro da Anita e passar tardes a tentar conseguir uma ligação.

Tenho saudades de acordar feliz, sem motivo.

Tenho saudades de passar 24h por dia, 7 dias por semana, com os meus amigos na escola e no basket, e ainda assim nunca ficarmos sem tema de conversa.

Tenho saudades de me sentir verdadeiramente inspirada com alguma coisa.

Tenho saudades da novidade de viajar.

Tenho saudades da sensação de experimentar algo pela primeira vez.

Tenho saudades da inocência de acreditar que fazer o que está certo leva sempre a um final feliz.

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