Saturday, March 21, 2020

Sense of Community / Espírito Comunitário (Day 1)


Note 1: While being quarantine, in an effort to try to prevent my brain to turn into mush I'll try to complete a 30 Day writing challenge. Each day I'll get a prompt about which I should write. 

Nota 2: versão portuguesa mais abaixo.

They say it takes a village to raise a child, but in reality, it takes a village for any of us to survive, even if we aren’t always aware of it.

No matter how independent we think we are, we don’t live alone, our actions affect other people and theirs affect us to an unimaginable degree.

We’re currently living an unprecedented situation and regardless what the theories announce, that’s all they are… theories, the truth is no-one really knows what we’re yet to face, no-one really knows the long-term impact of it all. The statistics are scary, and we should take Covid 19 seriously. So it’s not easy, but the best we can do is stay calm, stay positive and act accordingly to the information available, thinking not only about ourselves but as a community, otherwise when we’re done fighting Covid 19 we’ll have to fight a wave of mental issues.

Now I’m not trying to romanticized this pandemic. I’m not saying I’m grateful for this quarantine because it allows us to value what really matters. Because even if it’s great that pollution has come down, even if it’s great that animal life is back in Venice’s canals, if this is the price to pay… it’s too much. So I’m not saying we should be grateful for any of it, I’m only saying that often in life there’s more than one perspective and it’s up to you to chose in which you want to focus. Obviously, what it’s happen is terrible and we can’t (shouldn’t) be indifferent to that, and obviously we should take all the possible measures to minimize infection, that’s not even in question. But after you’ve done all that is in your power to help control this pandemic (which for most of us is as simple as STAYING AT HOME) you can choose to drown in fear, criticize every decision made, be mad at every single person that doesn’t comply with the rules and assume all people are just idiots OR you can admit that there will always be people who make irresponsible or selfish decisions, but that it doesn’t represent the human kind as a whole. I chose to believe the good outweighs the bad, and that overall people care about each other and will do the best they can.

History has taught us that tragedies bring out the worst, but also the best in people. Every day we see examples of people around the world trying their best to help fight this war – not only in the health/social system, so crucial, but across different fields. 

Unfortunately, most of us can’t offer proper help (in terms of health system), but every day new individual or organized initiatives appear in an effort to keep up the moral of communities and help people stay strong and comply to the rules. Things like free concerts on Instagram, people singing in balconies, comedy shows being made from home, different initiatives to show support for medical staff, it may seem superfluous, but the truth is that all of those little things help people keep their sanity. Remember, not everyone does well with solitude.

This is the first time in a long time (certainly in my lifetime) that an enemy this powerful has threatened us all without discrimination – rich/poor, black/white straight/gay… we’re all in this together – and the feedback I’ve received over the past weeks is not one of people who are only worried about themselves, but of people who are worried for each other.

I’ve received messaged from friends all over the world, some in countries who are currently facing devastating challenges (Italy), some from countries who will undeniably face an even more unfair fight with this virus than us (Mozambique), friends who don’t necessarily trust their governments decisions (UK and USA), friends who are unfortunately in the risk group… From our neighbors in Spain to the distant Poland… the messages that I get are not ones of misery or pity for themselves, but messages of concern for the well being of their friends. People wanting to check on their friends even if their country is currently in a worst position. 

The messages I get, with no exception, are messages of love, hope and an enormous sense of responsibility, of people knowing we all have to do out part. And in a moment of (justified) fear that’s what we have to hold on to – we are not alone in this, we can take care of each other. We can protect each other by staying home and we can help each other by keeping in (virtual) touch and make sure our friends don’t go down the rabbit hole. We have to keep our moral up and believe that one day soon we will again be able to go out freely, fly freely and reconnect to the wonderful people we’ve met around the world. Until then, we are lucky enough to live in an era that allows us to very easily keep in touch with one another, so let’s use it to our advantage.



Espírito Comunitário


Nota 3: Enquanto estou em quarenta, e numa tentativa de impedir que o meu cérebro se transforme em papa vou tentar completar um desafio de escrita de 30 dias. Cada dia terá um tópico sobre o qual deverei escrever. 


Dizem que é preciso uma aldeia para educar uma criança, mas na verdade é preciso uma aldeia para qualquer um de nós sobreviver, mesmo que por vezes nos esqueçamos disso.

Não importa o quão independentes achamos que somos, não vivemos sozinhos, as nossas acções afectam todos aqueles que nos rodeiam e as suas acções afectam-nos a nós também.

Vivemos actualmente uma situação sem precedentes e por mais teorias que existam, neste momento não passam disso mesmo… teorias, porque a verdade é que ninguém sabe ao certo o que ainda vamos ter de enfrentar e o impacto que tudo isto terá a vários níveis.

As estatísticas são assustadoras, devemos levar o Codiv 19 a sério, contudo sem pânicos. Não é fácil, mas o melhor que podemos fazer é manter a calma, agir de acordo com as orientações que nos são dadas, pensarmos não apenas no nosso bem-estar mas no de todos, e tentar manter uma atitude positiva, caso contrário, quando terminar a epidemia, para além dos efeitos da economia teremos de lidar com uma onda de problemas de saúde mental.

Não estou a tentar romantizar o momento em que vivemos, longe disso. Não estou aqui para dizer que estou grata por esta quarentena por nos dar a oportunidade de valorizar o que realmente importa, porque na verdade não estou. Mesmo que a poluição tenha diminuído, que haja de novo vida animal nos canais de Veneza… se este é o preço a pagar, é demasiado alto. Por isso quero deixar bem claro que não é essa a minha intenção, acredito apenas que geralmente há mais do que uma perspectiva na vida e que somos nós que decidimos no que nos queremos focar.

Não há dúvida que o que está a acontecer é horrível e não podemos (nem devemos) ficar indiferentes a isso. Obviamente devemos seguir todas as precauções possíveis para minimizar contágios, essa questão nem se coloca. Mas depois de fazermos tudo o que podemos para ajudar a controlar esta epidemia (e para muitos de nós, basta simplesmente FICAR EM CASA), podemos escolher entre afundarmo-nos em medos, criticar cada decisão que é tomada, ficar zangados com cada pessoa que não cumpre as normas de segurança e assumir que todas as pessoas são idiotas, OU podemos admitir que vai sempre haver pessoas irresponsáveis e egoístas, mas isso não representa a globalidade dos seres humanos. Eu tento acreditar que o bom ainda supera o mau, e que a maioria das pessoas se importa com as vidas dos outros e vai contribuir para a solução.

A história diz-nos que as tragédias revelam o pior, mas também o melhor da humanidade. Todos os dias vemos exemplos de pessoas por todo o mundo que tentam de alguma forma contribuir para esta luta – não só nos campos da saúde/social, os mais importantes, mas nas mais diversas áreas.

Infelizmente, a maior parte de nós não tem capacidade para contribuir com ajuda qualificada (em termos de saúde), mas todos os dias surgem iniciativas, individuais ou organizadas, num esforço de tentar manter a moral das comunidades elevada. Concertos gratuitos pelo Instagram, pessoas que cantam às varandas, programas de entretenimento gravados em casa, diferentes iniciativas para agradecer o staff médico, podem parecer coisas supérfluas, mas a verdade é que são essas pequenas coisas que ajudam as pessoas a manter a sua sanidade mental. Há muita gente que não lida bem com a solitude e por isso tudo isto é importante.

Esta é a primeira vez em muito tempo que um inimigo tão poderoso nos ameaça a todos, sem discriminação – rico/pobre, preto/branco, heterossexual/homossexual… estamos todos em risco, estamos nisto juntos – e o feedback que tenho recebido nas passadas semanas não é de preocupações egoístas, mas de pessoas que estão preocupadas também pelos outros.

Recebi mensagens de amigos espalhados pelo mundo, alguns de países que enfrentam neste momento uma situação bem mais devastadora que a nossa (Itália), alguns de países que sem dúvida vão enfrentar uma luta ainda mais injusta com este vírus que nós (Moçambique), alguns que não confiam nas decisões dos seus governos (UK e USA), de amigos que infelizmente estão no grupo de risco… Da vizinha Espanha à distante Polónia… as mensagens que me chegam não são mensagens de egoísmo ou irresponsabilidade, mas sim mensagens de quem está preocupado pelo bem estar dos seus amigos, independentemente da gravidade da situação em que eles próprios se encontram. 

As mensagens que recebo, sem excepção, são mensagens de carinho, esperança e acima de tudo de um enorme sentido de responsabilidade, de pessoas que sabem que têm de cumprir a sua parte, por mais insignificante que seja.

Nada disto é fácil ou romântico, mas podemos proteger-nos uns aos outros ficando em cada, podemos ajudar mantendo o contacto (virtual) com os nossos amigos/família e evitando que entrem em desespero. Temos de fazer a nossa parte, manter a moral elevada e acreditar que um dia destes vamos poder voltar a sair livremente, que vamos poder voltar a viajar e abraçar os amigos extraordinários que temos espalhados pelo mundo. Até lá, temos a sorte de pelo menos vivermos numa época que nos permite de maneira muito fácil manter o contacto à distância uns com os outros.


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