Note 1: While being quarantine, in an effort to try to prevent my brain to turn into mush I'll try to complete a 30 Day writing challenge. Each day I'll get a prompt about which I should write.
Nota 2: versão portuguesa mais abaixo.
I started paying more attention to words when I was about 14/15
years old. I started actually listening to the songs I’d hear, I started scribbling
down quotes I’d read in books or hear in movies and eventually began to write
more regularly.
Back then I didn’t spend much time at home, and I was proud of
my independence. I didn’t have anyone looking over my shoulder, checking my
schedules or my school work, I made my own plans with friends, I stayed out of
trouble, so I mostly I lived my life without anyone really paying too much
attention to me.
Somewhere along the way I started to feed into that and somehow consciously
giving little information about myself or my life unless specifically asked. I
wouldn’t lie or hide anything, I just wouldn’t necessarily volunteer it either.
So, while my friends parents knew all of their kids’ friend’s names and exactly
who we are, I’d usually just mentioned I was going out with friends, while when
traveling my friends would call home at least once a day, I’d pride myself of
not calling for a few days. As a defense mechanism or not, I started to feed
into this “independence” guide line where I lived with people, I had friends
and family I cared about, but in reality, I didn’t need anyone.
As I was saying, that’s when I started finding more comfort in
words, I couldn’t always describe my thoughts, even less my feelings, but I’d
fall in love with quotes that could. My notebooks from those years are full of
quotes like “Never depend on anyone but yourself”1, “You only
know as much about me as I want you to know and your concern, though touching,
is wasted on me”2, “People will let you down, sooner or later they
all will… it’s not like they want to, it’s just their nature”3, “Better
learn to go it alone, recognize you're out on your own, nobody's on nobody's
side”4, “I’ve
always been interested in people, but I’ve never liked them.”5 …
I was, for all purposes, a well-adjusted kid, I had good grades,
I was part of a sport’s team, I had plenty of friends, I lived well in the
presence of others, but I didn’t exactly live well with them. It was like a
parallel dimension, we were next to each other, but I never let my intimacy be
touched.
I can’t precise exactly when, but I built a wall around me and I
was proud of it, I mistaken my detachment with independence, my armor with
strength. I’d rationalize every event, compartmentalize the emotions related to
the people who got in and out of my life, and I’d convince myself that I was
always fine, because I didn’t need anyone. And I must have told myself that so
much over the years, that it got to a point I stopped questioning it.
That’s how it was for years, and then little by little I started
noticing little things…
I noticed that whenever I traveled, my fondest memories were
those of the people I’d met.
I noticed that unlike a lot of other people who had had similar
experiences, I was one of the few who kept regular contact with the friends I’d
met abroad.
I noticed that one of my biggest struggles, from a very young
age, had been seeing pain and not know how to take it away.
I noticed that I’d cope well with being away, but that I enjoyed
reencounter people.
I noticed the power little gestures such as a smile, a wink or a
hug could have.
I noticed that the people I looked up too for being strong and
independent were not detached or cold, that more than their self-sufficiency,
what really draw me to them was their vulnerability and their empathy.
And that changed my perspective, that completely changed my
mind, because I realized that what I’d proudly wear as independency was nothing
more than a shield, and that real empowerment came not with distancing oneself
from people but with the ability to harmoniously join life with others. Does
that mean that I suddenly became more open, or willing to share my
vulnerability? Well… it’s a work in progress.
1 & 2 Andrea Parker as Catherine Parker In Pretender
3 Autoria
própria
4
Idina Menzel as Florence Vassy In Nobody’s on nobody’s side - Chess: In Concert
5
W. Somerset Maugham
Algo sobre a qual mudaste de opinião
Nota 3: Enquanto estou em quarenta, e numa tentativa de impedir que o meu cérebro se transforme em papa vou tentar completar um desafio de escrita de 30 dias. Cada dia terá um tópico sobre o qual deverei escrever.
Comecei a dar mais atenção às palavras por voltas dos 14/15 anos. Foi nessa
altura que comecei realmente a ouvir o que as músicas diziam, a rabiscar frases
que lia em livros ou ouvia em filmes e, que comecei a escrever de forma mais
regular.
Nessa altura passava pouco tempo em casa, e orgulhava-me muito da minha independência.
Não tinha ninguém constantemente a supervisionar-me, a controlar os meus
horários ou trabalhos da escola, fazia os meus planos com os meus amigos, não arranjava
problemas, e por isso ia fazendo a minha vidinha sem que ninguém me prestasse
particular atenção.
Com o tempo eu própria fui começando a alimentar essa ideia e aos poucos,
de forma consciente, reduzindo a informação que dava sobre mim. Não mentia, ou
escondia nada, apenas não voluntariava muita informação a não ser que me fosse explicitamente
pedida. Assim, enquanto os pais dos meus amigos sabiam os nomes de todos os seus
amigos e exactamente quem eram, eu normalmente mencionava apenas que estava com
amigos, enquanto que quando viajávamos os meus amigos ligavam para casa pelo
menos uma vez por dia, eu orgulhava-me de passar dias sem ligar.
Como um mecanismo de defesa ou não, comecei a alimentar esta ideia de “independência”,
onde eu vivia com as pessoas, tinha amigos e família de quem gostava, mas na
verdade não precisava de ninguém.
Como estava a dizer, foi nessa altura que comecei a encontrar conforto nas
palavras. Nem sempre sabia como descrever os meus pensamentos, ainda menos os
meus sentimentos, mas apaixonava-me por frases ou expressões que o faziam.
Os meus cadernos dessa altura estavam repletos de frases como “Nunca dependas
de ninguém”1, “Só sabes sobre mim o que eu quero que saibas, e a tua
preocupação, apesar de comovente, é desperdiçada em mim”2, “As
pessoas desiludem-te, mais cedo ou mais tarde, desiludem-te sempre… não é que o
queiram fazer, é apenas a sua natureza”3, “É melhor seguires o teu
caminho sozinho, reconheceres que estás por tua conta”4, “Sempre me
interessei por pessoas, mas na verdade nunca gostei delas”5…
Eu era, para todos os efeitos, uma miúda bem ajustada, tinha boas notas,
fazia parte de uma equipa desportiva, tinha muitos amigos, vivia bem na
presença de outras pessoas, apenas não sabia viver com elas.
Era como se houvesse uma dimensão paralela, estávamos lado a lado, mas
eu nunca deixava que a minha intimidade fosse tocada.
Não sei exactamente quando isto aconteceu, mas criei um muro à minha volta,
e orgulhava-me disso. Confundi o meu distanciamento com independência, e a
minha armadura como força. Racionalizava cada interação, compartimentava as
emoções à medida que as pessoas entravam e saíam da minha vida, e convencia-me
que estava sempre bem, porque eu não precisava de ninguém. Devo ter repetido
isso a mim mesma tantas vezes que chegou a uma altura que deixei de o
questionar.
Foi assim durante anos, até que aos poucos comecei a notar pequenas coisas…
Notei que quando viajava, as minhas memórias mais especiais eram das
pessoas que tinha conhecido.
Notei que ao contrário de muitas pessoas que tinham tido experiências
semelhantes à minha, eu era das poucas que mantinha contacto com os amigos que
tinha conhecido lá fora.
Notei que desde pequena uma das minhas grandes dificuldades era ver alguém
a sofrer e não saber como ajudar.
Notei que lidava bem com o estar longe, mas que gostava dos reencontros.
Notei o poder de pequenos gestos como um sorriso, um piscar de olhos, um
abraço.
Notei que as pessoas que eu admirava por serem fortes e independentes não
eram desligadas ou frias, e que mais do que a sua auto-suficiência, o que realmente
me atraía nelas era a sua vulnerabilidade e empatia.
E assim aos poucos mudei a minha perspectiva, e mudei completamente de
opinião, porque percebi que a capa que eu vestia orgulhosamente de independência
não era mais do que um escudo, e que o verdadeiro empoderamento não vem da
distância que criamos em relação aos outros, mas da capacidade de viver em
harmonia com eles. Quer isso dizer que de repente me tornei mais aberta ou interessada
em partilhar a minha vulnerabilidade? Bem… é um processo a decorrer.
1 & 2 Andrea Parker as Catherine Parker In Pretender
3 Autoria
própria
4
Idina Menzel as Florence Vassy In Nobody’s on nobody’s side - Chess: In Concert
5
W. Somerset Maugham
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