Nota: Versão portuguesa mais abaixo
It is not uncommon for people to have a degree
of fascination for my family. We’re a numerous bunch of weird humans, with very
unusual dynamics, whose sense of normalcy tends to differ quite a lot from the
general population.
Growing up, I thought having 60+ people over
for Christmas was normal, that everyone did Christmas plays to entertain the
family, that it was common to go on summer holidays with 30 other people or
organize family-exclusive summer camps… It was overtime that slowly I realised
that not every grandma had an industrial fridge in her kitchen, and not every
kid had 12 uncles and aunts and over 25 cousins… You see, I grew up surrounded
by people. Where I come from, whether you wanted it or not, you were never
alone.
Now that I’m more aware of how different we are
from a “normal” family, I do understand the curiosity of the outsiders. It has
happened in different occasions that we are sharing family stories and I get
the impression that people create this ideally image of our family. It’s more
than an impression, actually, people have said it, they praise our unity and
harmony. And it got me thinking if to some degree I was being hypocritical,
because if there’s a family who is as dysfunctional and messed up as any other,
it is ours. So why doesn’t that come across to people? Is it something that we
hide?
When I look at it, there’s actually a lot that
isn’t perfect about us…
We are loud and quite often insane.
We are critical and harsh.
We’re unhealthily strong. In our own ways we
tend to carry the weight of the world in our shoulders.
We are demanding, and very rough around the
edges, and whenever we’re around things tend to get messy.
We’re not all warm and fuzzy, and unlike people
may think, we don’t often let out spontaneous proclamations of love for each other.
It’s not always easy to find your place in such
a crowed environment, even less to make your voice be heard.
We don’t all get along to the same level.
Actually, some don’t get along at all.
You mention any kind of family dispute and we
have it. You don’t get to gather this many people together without getting all
the craziness too.
So, why
is it that none of this seems to transfer to those who ask us about our family?
I think there are two main reasons for it.
One is that although we are not all close, when
I think of family, when I speak of family, what comes to my mind are the ones
that are close to me. Family to me, has very little to do with blood. Family to
me are the people who go through life with you and so when I share stories
about my family, these are the people I naturally tend to focus on. It is not a
deliberate thought to hide something, it’s honestly instinctively focus on
those who matter.
The second reason is that, despite all the “non-perfect”
issues mentioned above, there is something much stronger biding us together, a
sense of belonging to this unique clan with its own set of rules and values,
that no-one from the outside can truly comprehend.
We cherish our time together. We don’t just
settle for the big occasions, we make a conscious effort to create
opportunities to gather.
We are loyal and we tackle our problems
together. As annoying as it can be at times to have a bunch of people weighing
in in a personal issue, it is also comforting to know that that many people
care.
We have
a lot of opinions, and most of us are not afraid to share them, but if you
screw up there will always be a hand to pull you up, because chances are,
someone else has messed up even badly before.
There may be a lot of uniqueness about our
family, but there’s actually very little perfection, which is very likely why
it works… because we are a group of very different, imperfect people, who chose to stay together and who
in reality follow only one common rule, no-one is left behind!
I don’t often know where I fit in this family,
but I never doubt that I belong here. And if there’s one thing than I know for
sure is that whether I’m on the side that has a problem, or the side that is
trying to resolve it, if I’ll pick up the phone, there will be someone on the
other side.
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A família é tudo?
É comum as pessoas terem um certo
grau de fascinação pela nossa família. Somos um grupo enorme de estranhos seres
humanos, com uma dinâmica muito própria, cujo sentido de normalidade tende a
ser muito diferente do resto da população.
Quando era miúda pensava que era normal
ter mais de 60 pessoas à mesa para o jantar de natal, pensava que em todas as
casas se faziam peças de teatro para entreter a família, que era comum ir de
férias com mais 30 pessoas, ou organizar campos de férias exclusivos para a
família... Só com o tempo percebi que nem todas as avós tinham um frigorífico
industrial na cozinha, que a maioria das crianças não tinha 12 tios e mais de
25 primos direitos... Eu cresci rodeada de gente. De onde venho, quer o
desejasses ou não, nunca estavas sozinho.
Agora que tenho mais noção de
como somos diferentes de uma família “normal”, percebo um pouco melhor a curiosidade
de quem está de fora. Acontece em várias ocasiões partilhar histórias de
família, e muitas vezes fico com a impressão que as pessoas criam uma imagem
idealizada da nossa família. Na verdade é mais do que uma impressão, muitas
vezes as pessoas elogiam a nossa união e harmonia. E isso fez-me pensar até que
ponto estava a ser hipócrita, porque se há família mais disfuncional que todas
as outras, é certamente a nossa. Então porque é que isso não parece passar para
os outros?
Quando penso objectivamente, na
verdade há muita coisa que não é perfeita na nossa família...
Somos barulhentos, e para
utilizar um eufemismo, insanos.
Somos muito críticos e bruscos.
Somos nocivamente fortes. Cada um
há sua maneira, temos tendência a querer carregar o peso do mundo nos nossos
ombros.
Somos exigentes, e duros, e quando
estamos por perto tudo tem tendência para se tornar caótico.
Não somos muito carinhosos, e ao
contrário do que as pessoas possam pensar, não proclamamos facilmente o amor
que sentimos uns pelos outros.
Não é fácil encontramos o nosso espaço
num ambiente tão lotado, e ainda é mais difícil fazer com que a nossa voz seja
ouvida.
Não nos damos todos bem. Na
verdade, alguns de nós não se dão de todo.
Qualquer nível de disputa
familiar que possam pensar, nós temos. Afinal de contas, não seria possível
juntar um número tão grande de pessoas sem arrastar muita loucura também.
Então, porque é que nada disto
parece ser absorvido por aqueles que nos perguntam sobre a nossa família?
Na verdade acho que há duas
razões principais.
A primeira é que apesar de não
sermos todos próximos, quando penso em família, quando falo de família, o que
me vêm à ideia são as pessoas que estão perto de mim. A família para mim tem
muito pouco a ver com consanguinidade. A família para mim são as as pessoas que
enfrentam a vida ao meu lado, e por isso, quando partilho histórias sobre a
minha família, são essas as pessoas de quem naturalmente me lembro. Não há
nenhuma intenção deliberada de esconder o outro lado, há apenas um instinto
natural de me focar em quem importa.
A segunda razão é que, apesar de
todas as “imperfeições” mencionadas anteriormente, há algo muito mais forte que
nos une, um sentimento de pertença a um clã único, com o seu próprio conjunto
de regras e valores, que ninguém que não faça parte dele poderá verdadeiramente
compreender.
Estimamos o tempo que passamos
juntos, mas não nos deixamos limitar por ocasiões especiais. Fazemos um esforço
consciente para criar oportunidades para nos juntarmos e tiramos o maior
partido delas.
Somos leais e enfrentamos os
grandes problemas em conjunto. E por muito irritante que possa ser por vezes
ter um monte de gente a dar palpites sobre um assunto pessoal, também é
reconfortante saber que tanta gente se preocupa.
Temos muitas opiniões, e muitos
de nós não temos problemas em partilhá-las, mas se fizeres asneira vai sempre
haver uma mão que te ajude a levantar, porque o mais provável é que já alguém
antes tenha feito uma asneira maior.
A nossa família pode ter um lado
único, mas na verdade tem muito pouco de perfeito... o que provavelmente é
exactamente o que faz com que funcione tão bem... porque somos um grupo de
pessoas muito diferentes e imperfeitas que decidiram
manter-se juntas e que na verdade só têm uma regra em comum, não deixar ninguém
para trás!
Nem sempre sei qual é o meu papel
nesta família, mas nunca duvido que a ela pertenço. E se há certeza que tenho é
que quer esteja no lado de quem tem um problema ou quem está a tentar
resolvê-lo, se pegar no telefone vai sempre haver alguém do outro lado.
1 comment :
We are Family ...
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