Nota: Versão portuguesa mais
abaixo.
Today I went to high school to run a session
with a 9th grade class. The activity is part of a program we’ve designed
and called “I am”. “I am” was created in an attempt to respond to a need felt
by the teachers in regards to some classes/teens behaviour in school, at it consists
in our team meeting this classes once a week and run non formal workshops to
explore soft skills, increase motivation and self and social awareness.
The exercise for today was quite simple. Each
student received a blank piece of paper in which they were challenged to write
one thing that they didn’t think the other people in the room would know about them.
The fact had to be true and they were informed that it should be something they’d
feel comfortable in sharing, because even though the papers weren’t signed, the
next step was to shuffle all the papers together and then read them out loud
one by one and try to guess who it belong to.
After an initial natural blockage and some
suggestions, everyone managed to write down a personal fact.
As we started sharing them it was easy to see
how some people had made a conscious choice to keep things fairly light while
others seemed confortable sharing something more unique or unpredictable about
themselves… interestedly enough it was the quietest boy in the room who
surprised everyone. His fact was “Sadness, feel it without expressing it”. He
was shy and he could barely look me (or the others) in the eye, but his paper
was the one that took the exercise to another level. Out of 30 papers, his fact
was the one the rest of the class remembered when we got to the end, and it was
his sentence that changed the mood of the conversation and got the other students
to actually share something deep and personal and talk about emotions.
As the rest of the group passionately weighted
in on the sadness and its relevance and the pros and cons of expressing it, the
boy remained quiet, but he didn’t had to say anything else, because the bravery
he showed by sharing his truth had already made a great impact on his
colleagues. His honesty, despite his discomfort, created a learning opportunity
for the class, and the respect the others showed for his confession for sure
had a positive impact on him too.
This is the magic of non-formal education.
Before we started working with this class, we
were told that the situation was so bad that teachers were self-medicating
before entering the classroom, and there’s a big chance they still feel the
chance to do that… because we don’t have magic wands and we don’t have all the
answers, but watching the interactions that happened in this classroom today
tells me that we are definitely on the right path. We need to think out of the
box, we need to listen to their needs, we need to get them emotionally involved…
then they’ll learn.
“Tristeza, senti-la sem a
expressar”
Hoje visitei uma escola para
dinamizar uma sessão com uma turma de 9º ano.
A actividade faz parte de um
programa que desenhámos e a que chamámos “I am”. O “I am” foi desenvolvido no
sentido de dar resposta a uma necessidade sentida pelos professores
relativamente ao mau comportamento demonstrado por algumas turmas/alunos, e
consiste em dinamizarmos workshops semanais onde os alunos possam explorar as
suas soft skills, aumentar a sua motivação e desenvolver uma maior consciência
pessoal e social.
O exercício de hoje era bastante
simples. Cada aluno recebeu um pedaço de papel em branco no qual deviam
escrever um facto pessoal que os outros não soubessem sobre eles. Esse facto
tinha de ser verdade e algo que os jovens se sentissem confortáveis em partilhar,
pois embora os papeis fossem anónimos, o próximo passo era baralhar os papéis,
lê-los em voz alta e tentar adivinhar a quem pertenciam.
Após um pequeno bloqueio inicial
e algumas sugestões, todos os alunos conseguiram completar esta tarefa.
À medida que um a um os papeis
foram lidos, foi fácil perceber que alguns alunos tinham feito uma escolha
consciente de manter um ambiente mais leve, enquanto outros pareciam mais confortáveis
a partilhar algo mais único ou imprevisível sobre si mesmo... curiosamente foi
o jovem mais calado da turma que surpreendeu toda a gente. No seu papel podia
ler-se “Tristeza, senti-la sem a expressar”. Um rapaz tímido e calado que mal
nos conseguia olhar nos olhos, e ainda assim foi o seu papel que elevou o
exercício ao nível seguinte. De entre os 30 papéis, a sua afirmação foi que mais
colegas se recordavam no final da sessão, e foi sem dúvida aquela que
(re)definiu o tom da sessão e levou os outros a partilharem algo mais intimo e
a falar sobre emoções.
À medida que a turma discutia
apaixonadamente os pros e contras de
sentir tristeza E expressá-la, o rapaz manteve-se em silêncio, mas a verdade é
que não precisava de dizer mais nada, pois a coragem que demonstrou ao
partilhar a sua verdade foi o que mais impacto criou nos seus colegas. A sua
honestidade, apesar do desconforto causado, criou uma oportunidade de
aprendizagem brilhante para o resto da turma, e o respeito que os colegas
demonstraram pela sua confissão por certo tiveram um impacto positivo nos
jovens.
Esta é a magia da educação não
formal.
Antes de começarmos a trabalhar
com esta turma a informação que recebemos é que a situação era tão má que
alguns professores se auto medicavam antes de entrar para a sala de aula, e há
uma grande probabilidade que ainda o façam, porque não temos uma varinha mágica
e não temos todas as respostas.... contudo, observar as interações que
aconteceram nesta sala de aula hoje diz-me que estamos definitivamente no
caminho certo. Precisamos de pensar fora da caixa, precisamos de ouvir as suas
necessidades, precisamos de os envolver emocionalmente... assim aprenderão.
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