Nota: Versão portuguesa mais abaixo.
A few years ago, my friend, who had recently
moved in into a new area, was telling me about this neighbour she had watched
and instinctively guessed was part of my family. After asking a few questions
we came to the conclusion that she was right, that the woman she was talking about
was indeed one of my aunts. When I asked how she had guessed it, she said there
was something about the way she was handling 3 small kids on her own, completely
relaxed, but in control, that she just knew.
That’s the story of my life – I come from a BIG
family of strong, independent women, a lot of which are/were mainly (if not exclusively)
in charge of not only the kids, but also all family and even financially
matters. It all started in my childhood, and don’t get me wrong, men were
always present – brothers, uncles, dad – but it was always very clear to me, as
a kid, who was in charge. There was one person we’d ask permission for if we wanted
to do something (and one person we “feared” when we got in trouble)… and that
was mom!
It wasn’t just at home, from the matriarch grandmother
who birthed and raised 13 children, to the single aunts who carried the family
and the sisters who support eachother through the ups and downs of life, the
message has always been clear – it isn’t always easy, but we look after
eachother, we face things together and we don’t leave anyone behind.
Family had, therefore, its major role in shaping
my conceptions about women in the early years, but the reality of it is that, due
to sheer of luck or because my previous experiences led me to higher standards,
it didn’t end there.
Looking back, my whole life I’ve been blessed
to be surrounded by strong women. There’s the wiser older one who always speaks
her mind, the one who unapologetically
lives in her own world at her own pace, the one I met as a crazy, irresponsible
(but tremendously talented and confident) young girl who has grown so much, the
bubbly one who battles depression, the one who asked for a leave of absence and
crossed the ocean to build homes for people in need, the one who was forced to emigrate
at a young age and soon became a top student in a foreigner language school, the
ones who venture to exotic destinations with female partners only (or even
alone), the ones who organize these kind of trips for women who may not feel
confident enough to do it alone, and so many others I could talk about. All
around, I have friends from around the world who fight for their dreams, who
break barriers and stereotypes and support other women along the way. Teachers,
athletes, engineers, future doctors and surgeons, entrepreneurs, stay at home
moms, married or single, straight or gay, black or white, rich or poor… real
people, who are not perfect, who cry and fall and make mistakes, but do not
give up. It just shows strong women can be find everywhere.
I often hear that women are nasty for eachother
and I strongly disagree. I don’t doubt that has been your experience, but maybe
it’s not about the gender, but the kind of people you surround yourself with. I
played basketball in a female team for over 15 years, I went to college in an
all girl’s class and I work in female-dominated field, and sure I have
encountered my fair share of unpleasant women (just like I have met my fair
share of unpleasant men), however, the majority of them, and the ones I choose
to remember, are women who raise people higher, who genuinely celebrate other
women’s success, who watch out for eachother, who support and inspire the ones
around them, who are fierce yet sensible, who care about others and find simple
ways to make a hard day just a tiny bit easier.
These are the kind of women I have in my life
and this is the kind of woman I strive to be.
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Há uns anos, uma amiga que tinha
mudado de casa recentemente estava a contar-me sobre uma vizinha que ela tinha
visto, e que na sua opinião só podia ser da minha família. Após algumas
perguntas, chegámos à conclusão que a mulher em questão era de facto uma das
minhas tias. Quando lhe perguntei como tinha adivinhado, a minha amiga disse
que havia algo na forma despachada e em controlo como a mulher estava a gerir
uma situação sozinha, com três filhos pequenos, que a levou a instintivamente
chegar a essa conclusão.
Essa é a história da minha vida –
sou descendente de uma GRANDE família de mulheres fortes e independentes,
muitas das quais foram/são maioritariamente (se não exclusivamente)
responsáveis não só pelas crianças, mas também por todas as questões familiares
e por vezes até financeiras. Tudo começou na minha infância, e não me interpretem
mal, os homens estiveram sempre presentes – pai, irmãos, tios – mas foi sempre
claro para mim, enquanto miúda, quem é que estava no comando. Havia uma pessoa
a quem pedíamos autorização para fazer fosse o que fosse (e uma pessoa que “temíamos”
quando nos metíamos em sarilhos)... a mãe!
Isto não acontecia só em casa,
desde a avó matriarca que deu à luz e criou 13 filhos, às tias solteiras que
carregavam a família, passando claro pelas irmãs que se apoiam pelos altos e
baixos da vida, a mensagem sempre foi bem clara – as coisas nem sempre são
fáceis, mas tomamos conta umas das outras, enfrentamos as coisas juntas e não
deixamos ninguém para trás.
A família teve por isso um papel
fundamental na forma como criei as minhas concepções sobre as mulheres nos meus
primeiros anos de vida, mas por pura sorte, ou porque as experiências do
passado me levaram a ter padrões mais elevados, não terminou aí.
Olhando para trás, toda a minha
vida estive rodeada de grandes mulheres. Há a mais velha e sábia que nunca
deixa nada por dizer, aquela que sem desculpas vive no seu mundo à parte e ao
seu próprio ritmo, aquela que conheci como maluca e irresponsável (mas
incrivelmente talentosa e confiante) que cresceu imenso, a bem disposta que
luta contra a depressão, aquela que pediu licença sem vencimento para cruzar o
oceano e construir casas para famílias necessitadas, a que foi obrigada a
emigrar ainda criança e que rapidamente se tornou uma aluna de topo numa escola
estrangeira, aquelas que se aventuram em destinos exóticos com outras amigas
(ou até sozinhas), as que organizam excursões a estes tipos de destinos para
mulheres que não se sentem confiantes em fazê-lo sozinhas e tantas mais que
haveria para falar. Mulheres dos quatro cantos do mundo que lutam pelos seus
sonhos, quebram barreiras e estereótipos e que apoiam outras mulheres pelo
caminho. Professoras, atletas, engenheiras, futuras médicas e cirurgiãs,
empreendedoras, mães a tempo inteiro, casadas ou solteiras, gays ou heterossexuais,
brancas ou pretas, ricas ou pobres... pessoas reais, que não são perfeitas, que
choram e caem e cometem erros, mas que não desistem. O que mostra que grandes
mulheres podem ser encontradas em qualquer lugar.
Já ouvi várias vezes dizer que as
mulheres são más umas para as outros, e discordo fortemente dessa ideia. Não
duvido que essa seja a experiência de algumas pessoas, mas acho que tem pouco a
ver com o género e mais a ver com o tipo de pessoas com quem nos escolhemos
relacionar. Fiz parte de uma equipa de basket feminina durante mais de 15 anos,
na faculdade a minha turma era constituída apenas por mulheres e trabalho numa
área dominada pelo sexo feminino, e claro que já me cruzei com mulheres
desagradáveis (tal como já me deparei com homens desagradáveis), mas a maioria,
e aquelas que escolho lembrar são mulheres que elevam as pessoas à sua volta,
que genuinamente celebram o sucesso de outras mulheres, que cuidam umas das
outras, que apoiam e inspiram quem as rodeia, que são destemidas mas sensíveis,
que se preocupam com os outros e que procuram pequenos gestos para tornar um
dia difícil um bocadinho mais fácil.
Este é o tipo de mulheres que
tenho na minha vida, e este é o tipo de mulher que ambiciono ser.
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