Wednesday, March 21, 2018

Essence/Essência


Nota: Versão portuguesa mais abaixo.


Why are we the way we are? What lies behind our essence?

The first time I went abroad to live in another country, one of the things that excited me the most was the realisation that I could be whoever I wanted to be, because where I was going no-one knew me, therefore there were no expectations. I did dare out of my comfort zone and I grew a hell lot, but what I’ve learned was that soon, the image people had of me there, wasn’t much different from the one they had back home. Soon after my arrival, I noticed the way people would describe me was very similar to how I had been described my whole life.

After a whole year away I returned to Portugal. I found a job in the most unlikely place, surrounded by people with all sorts of backgrounds, that I have never met before. Another chance for a fresh star, I thought, but it didn’t last long… soon enough my label was back on.

I tried it one last time… when I ventured to Poland to become an international volunteer. A new shot at challenging myself, a new chance to test my limits, another opportunity to start from scratch… non surprisingly the feedback was always the same.

And so I realised no amount of running here or there was going to change anything… I realised that despite the circumstances and the distance, the people that surrounded me or the line of work I was involved with, I was always perceived the same way, because that was simply who I was. And one would think this is depressing thought, that regardless where we go and what we do, people will always see us in a certain way, but it goes deeper than that.  I would be diminishing all the amazing experiences I had if I said I didn’t change over the years. We do change. Each one of these experiences, and countless more, have left a mark in me and have changed me in ways I never imagined possible. In a lot of ways I’m stronger and smarter, and for sure more resourceful than I ever was, but the core is still the same. I have evolved. It is my essence that hasn’t changed. And it’s comforting to know that in a world of constant change there is some consistency, that despite how lost we feel at times (most of times) our values guide us, even when we don’t even acknowledge them.

So what is our essence? What is it that makes us unique? What is it that defines who we are, how we act, and how we interact with the world and the ones around us?

We’ve all been asked, at some point in our lives, to describe ourselves. This should be an easy question, after all, we’ve lived with ourselves our entire life… except it is not. The uncanny part is how strongly we can be influenced by these principles, these beliefs, how consistently we can act and still not even be able to point out what it is that define us, and why.

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Essência

Porque somos como somos? O que se esconde por trás da nossa essência?

A primeira vez que fui viver para o estrangeiro, uma das coisas que mais me entusiasmou foi perceber que podia explorar outros lados de mim, porque para onde ia, ninguém me conhecia e por isso não tinha pressão de corresponder às expectativas que todos tinham de mim. Saí da minha zona de conforto, e cresci mais do que alguma vez teria imaginado, mas aprendi que depressa a imagem que as pessoas tinham de mim neste novo local, não era muito diferente daquela que todos os outros sempre tinham tido em Portugal. Pouco tempo depois da minha chegada aos EUA percebi que a forma como as pessoas me descrevia aqui era pouco diferente da forma como me tinham descrito toda a minha vida.

Depois de um ano fora regressei a Portugal. Encontrei emprego no lugar mais improvável, rodeada de pessoas com todo o tipo de histórias e passados, que nunca tinha conhecido antes. Mais uma hipótese para começar de novo, pensei... mas não durou muito. Rapidamente o meu “rótulo” estava de volta.
Tentei uma última vez... quando me aventurei para a Polónia para fazer voluntariado. Mais uma tentativa, mais uma hipótese para testar os meus limites, mais uma oportunidade para começar do zero... sem surpresas, o resultado foi o mesmo de sempre.

E assim que percebi que por mais que corresse ou tentasse fugir, nada iria mudar... Percebi que independentemente das circunstancias e da distância, das pessoas que me rodeiam e/ou da linha de trabalho em que me envolvia, serei sempre vista da mesma forma, porque simplesmente é assim que sou. Pode parecer deprimente, pensar que independentemente de onde formos ou do que fazemos, as pessoas nos vão ver sempre de uma determinada maneira, mas é mais profundo que isso. Estaria a menosprezar todas as experiências incríveis que tive se dissesse que não mudei ao longo dos anos. Nós mudamos. Cada uma destas experiências que falei, e tantas outras, deixaram em mim uma marca, e mudaram-me de formas que nunca achei possível. De muitas formas estou mais forte, mais esperta e, sem dúvida, mais desenrascada, mas o core é o mesmo. Eu evoluí, a minha essência é que é a mesma. E é reconfortante saber que num mundo em constante mudança ainda há alguma consistência, que apesar de muitas vezes nos sentirmos perdidos, os nossos valores guiam-nos, mesmo quando nem damos por isso.

Então qual é a nossa essência? O que é que nos torna únicos? O que é que define quem somos, como agimos e como interagirmos com o mundo e os outros à nossa volta?

Em algum momento da nossa vida, já todos tivemos de responder à pergunta “Como te descreves?”. Devia ser uma pergunta fácil, afinal de contas vivemos connosco próprios toda a nossa vida, nós mais que ninguém devíamos saber responder a esta pergunta... só que nem sempre é assim tão fácil. O mais curioso é mesmo como podemos ser tão influenciados por estes valores e princípios, como conseguimos ser tão consistentes com o nosso comportamento quando na verdade nem conseguimos identificar o que nos guia, e porquê.


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