Saturday, September 19, 2020

People who have faith in you / Pessoas que acreditam em nós

 Nota: Versão portuguesa mais abaixo


We hadn’t seen in each other for a long time, we talked a few times over the phone, and got together maybe a couple of times, but we hadn’t spent much time together since we stopped working together. She knew me enough to know I had no ambition for leading positions, that I wasn’t particularly excited with this “opportunity” even if it was meant to be temporary, so she hugged me close and whispered in my ear “you’re exactly where you supposed to be”.  I didn’t agree with her, but that idea, in different forms, had been repeated to me a few times in the past few days.


I’ve never had any ambition for leadership positions, in fact I would never voluntarily apply to them, but ever since I was a little girl, I would find myself thrust into them. All the way through middle school and high school I was trusted with the role of class representative, as a basketball player I was always chosen as team captain, in my early 20’s I was co-cordinating summer camps and in a way or another once I started my professional career those positions seemed to keep finding me too. So, one would think that after being “forced” in these situations for so many years I would feel comfortable with it, but that wasn’t the case.


Being surrounded by people who have faith in you, is one of the biggest blessings one can have. And I can genuinely say, that most of my life, whether at work, or in my personal life, I’ve been lucky to be showered with that positive energy. And though I’m extremely grateful for people’s support, the truth is, it can be quite overwhelming. In my early 20’s I wrote that “the worst thing someone can do to me is believe that I’m better than I really am”, and twelve years later, I feel exactly the same. I’ve learned to cope with that feeling, to manage the anxiety that comes attached to it, but I’d be lying if I said I don’t wonder when they will discover that I'm not as great as they think I am.


Growing up, in school and later at work, I quickly got used to being one of the younger (if not the youngest) people in the room. And I don’t necessarily think that age is a synonym for wisdom, because I know you can be incompetent at any age, but lacking in age certainly didn’t increase my confidence levels. I’ve learned a long time ago that age means very little, and that just because a person is older than me, doesn’t necessarily means their better qualified than me. However, it’s hard to be in a room with people who are 10, 15, 20 years older than me, people who seem competent, knowledgeable and experienced, and not wonder why should I be in a leadership position. Who am I to lead them, when I am not sure I know how to lead myself?


I look at people with long lasting careers, who have become references in their fields, who have managed to navigate challenges, been through different projects and work positions, put to test in a hundred million ways, and that through the years have paved their own paths and I’m like a sponge. I just want to soak all the knowledge, I just want to absorb all that there is to learn, all the tricks, all the tips, everything that I believe one day will make things easier. Even if deep inside, I know I’m tricking myself, even if I know what I’m lacking is not knowledge or experience…


Twenty-four hours later and those words keep resonating in my ear… “you’re exactly where you supposed to be”. I wonder if I will ever believe them. For now, I’m just thankful this is all temporary! 


Pessoas que acreditam em nós

 

Não nos víamos há bastante tempo, falámos umas vezes ao telefone, encontrámo-nos um par de vezes, mas a verdade é que não passávamos muito tempo juntas desde o dia em que deixámos de trabalhar no mesmo sítio.  Ela conhecia-me o suficiente para saber que eu não tinha qualquer ambição por cargos de liderança, que não estava particularmente entusiasmada com esta “oportunidade”, mesmo que apenas temporária, mas abraçou-me e sussurrou no meu ouvido “estás exactamente onde devias estar”. Não concordava com ela, mas essa ideia, em diferentes formatos, tinha-me sido repetida várias vezes nos últimos dias.


Nunca tive ambição alguma por posições de liderança, aliás, jamais me candidataria a elas de forma voluntária, no entanto, desde miúda, que dava por mim a ser empurrada para elas. Na escola todos os anos era eleita delegada de turma, no basket época após época escolhida como capitã de equipa, com apenas 20 anos estava a co-cordenar campos de férias, e de uma maneira ou de outra, quando iniciei a minha carreira profissional estas responsabilidades pareciam seguir-me. Seria de pensar que depois de tantos anos a ser “forçada” a assumir estas posições, isso se teria tornado natural e confortável, mas não era o caso.


Estar rodeada de pessoas que acreditam em nós, é um sentimento fantástico. E posso genuinamente dizer que na maior parte da minha vida, tanto pessoal como profissional, tive a sorte de ser banhada com essa energia positiva. Mas apesar de estar extremamente grata por todo esse apoio, e pela confiança que demonstram em mim, a verdade é que também pode ter um efeito sufocante. Quando tinha 20 anos escrevi “a pior coisa que alguém me pode fazer é acreditar que sou melhor, do que realmente sou”, e 12 anos mais tarde, sinto exactamente o mesmo. Aprendi a lidar com esse sentimento, a gerir a ansiedade que vem colada a ele, mas estaria a mentir se dissesse que não continuo a pensar quando é que vão descobrir que não sou tão capaz como pensam que sou.


Ao crescer, na escola e mais tarde no trabalho, depressa me habituei a ser uma das pessoas mais novas (se não a mais nova) na sala. E não é que seja da opinião que idade é sinónimo de sabedoria, porque sei que uma pessoa pode ser incompetente em qualquer idade, mas o que faltava em anos de vida certamente não aumentava os meus níveis de confiança. Aprendi há muitos anos que a idade significa muito pouco, e que só porque uma pessoa é mais velha que eu não quer dizer que seja necessariamente mais qualificada, ainda assim, é difícil estar numa sala com pessoas 10, 15, 20 anos mais velhas que eu, pessoas que parecem competentes, bem informadas, experientes, e não me questionar porque raio devia EU assumir uma posição de liderança. Quem sou EU para as liderar, quando nem tenho a certeza se me sei liderar a mim mesma?


Vejo pessoas ao meu redor com carreiras duradouras, pessoas que se tornaram elementos de referência nas suas áreas, pessoas que conseguiram ultrapassar os desafios que foram surgindo, que passaram por diferentes projectos e trabalhos, que foram testadas das mais diversas formas, e que ao longo dos anos foram construindo o seu caminho, e sou uma esponja. Quero absorver todo esse conhecimento, quero absorver tudo o que há para aprender, todos os truques e dicas, tudo o que acredito que um dia poderá tornar as coisas mais fáceis. Ainda que bem cá dentro saiba que me estou a enganar, ainda que bem cá dentro saiba que o que me falta não é conhecimento ou experiência…


Vinte e quatro horas mais tarde e aquelas palavras continuam a ressoar no meu ouvido… “estás exactamente onde devias estar.” Pergunto-me se algum dia acreditarei nelas. Por agora, fico contente por saber que tudo isto é apenas temporário. 

No comments :