Sunday, September 01, 2019

The silent killer / O assassino silencioso



Disclaimer: I’m not a professional in mental wellness, the following text reflects only my opinion based on my life experience so far / Não sou professional de sáude mental, este texto reflete apenas minha opinião sobre o tema com base na minha experiência de vida até agora

Nota: Versão portuguesa mais abaixo



Whether due to stress, society pressure, academic intensity, internal or external factors, the reality is that most of us has been close to someone battling mental illness or has faced mental illness themselves. The question is, were we aware of it?

Perhaps one of the biggest problems of mental illness – regardless if we’re talking about depression, anxiety, bipolarity, etc – I that unlike illnesses that physically affect our bodies, mental illnesses are way less visible.

According to the latest data, it’s predicted that nowadays, one in four people deals with some form of mental illness. The number is shocking if we take it in and imagine all the situations we’ve been over the years unaware of what we were dealing with.

Mental illness is a powerful enemy, mostly because we’ve grown used to mask our struggles and emotions, which makes diagnosis much harder. We’ve grown to believe that mental illness attacks people from less privileged backgrounds or that it always comes as a result of a trauma, which is not true. These myths make it not only harder to identify the problem, but also lead to a strong sense of guilt – How can I be depressed if I have a good life and a loving family? How can I suffer from anxiety/panic attacks when I’ve never suffered any trauma?

Mental illnesses such as bipolar disease, kleptomania and addiction, very often invisible to the outside world, can have devastating effects and be disruptive to the flow of an entire family. Its symptoms affect not only the mentally ill, but all the ones around them, as it has the power to take over everything and exhaust families to the point of self-destruction.

Depression and anxiety, on another hand, can be even worst enemies, has they often lurk over our shoulders for decades without anyone even realising they are there. During adolescence we are often led to believe that these overwhelming feelings that take our breath away and weigh hard in our chest are a temporary/normal stage of growing up, that we should stay strong and carry on that better days will come. And yes, everything feels bigger and more dramatic in our teens, but a lot of times there’s more to the story…

The thing is that overtime we get so accustomed with this reality that it becomes our normal… A child who grows up with a bipolar parent, who constantly has to deal with mood swings and accept their explosive/aggressive behaviour, may grow up to believe that she deserves that treatment, and therefore be more likely to be stuck in toxic relationships. A teenager who has seen his depression and anxiety disregard by those close to him, may go through all his adult life without realising he needs professional support – because those so called temporary fears and feelings were constant for so long that now he’s convinced their part of his identity.

How do you fight it though? How do you help put an end to something you don’t always know exists? And how do you help others without falling into the very common mistake of letting it dragging you down too?

You put yourself first! You don’t lose perspective of those you care about, but you put yourself first.

I was brought up to care about others, and a lot of times that means you are encouraged to always think about others first, you are encouraged to prioritize their needs over yours. And I’m very proud of my upbringing and the way I was raised to look around myself and care for those who surround me, but what I’ve realized over the years it that I had to re-educate myself because I lack(ed) the ability to balance my needs and the needs of everyone else. Because the reality is that in order to maintain your mental health sometimes you need to be a little self-centred. Not selfish, never selfish, but self-centred.

We need to focus on ourselves, read the signs our body/mind give us, be aware of the struggles we’re facing and for how long, in order to prevent ourselves from falling in such a big deep hole that we are no good for anyone.

Like other illnesses, no one is safe from mental illness, the best you can do is watch the signs and follow your gut – if it doesn’t feel right, if it doesn’t feel temporary or that it will go away with time, then maybe it’s because it won’t, not unless you do something about it, not unless you find help. Don’t try to forget it in hopes that it will go away, only to find out years later that the problem only grew bigger.

That’s perhaps our biggest mistake when dealing with mental illness, ours or our loved ones, indulge it, ignore it and pretend it is not there. It may trick us to believe it’s fading away, but whatever issues you have that are left unresolved will come back to haunt you sooner or later.

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O assassino silencioso


Seja devido ao stress, à pressão da sociedade, à intensidade académica, a factores externos ou internos, a realidade é que a maior parte de nós já esteve próximo de alguém com doença mental, ou já enfrentou doenças mentais. A questão é, estavamos conscientes disso?

Talvez o maior problema da doença mental – seja ela, depressão, ansiedade, bipolaridade, etc – é que, ao contrário das doenças que fisicamente afectam o nosso corpo, a doença mental é muito menos visível.

De acordo com os últimos dados, estima-se que uma em cada quadro pessoas sofra de algum tipo de doença mental. O número é chocante, se pensarmos na enormidade de situações em que já estivemos na presença de doenças mentais sem sequer nos apercebermos.

A doença mental é um inimigo poderoso, essencialmente porque crescemos habituados a esconder as nossas fraquezas e emoções, o que torna o seu diagnóstico muito mais difícil. Crescemos a acreditar que a doença mental apenas ataca pessoas mais desfavorecidas, ou que tem de ser sempre resultado de um trauma, o que não é verdade. Estes mitos dificultam não só a identificação do problema, mas também levam a um grande sentimento de culpa – Como posso estar deprimido se tenho uma boa vida? Como posso sofrer de ansiedade/ataques de pânico se nunca sofri nenhum trauma?

Doenças mentais como a bipolaridade, cleptomania e comportamentos aditivos, muitas vezes invisíveis para o mundo exterior, podem ter efeitos devastadores e afectar o funcionamento de toda a família. Os seus sintomas não afectam apenas a pessoa doente, mas todos aqueles que lhe são próximos, uma vez que tem o poder de se sobrepor a tudo e levar as famílias à exaustão e auto-destruição.

A depressão e a ansiedade, por outro lado, podem ser ainda piores inimigos, uma vez que se escondem na nossa mente por décadas sem ninguém perceber que sequer lá estão. Durante a adolescência muitas vezes fazem-nos crer que os sentimentos esmagadores que nos tiram a respiração e pesam no nosso peito são sintomas temporários e normais da idade, que devemos ser fortes e seguir em frente, que melhores dias virão. E sim, tudo é mais intenso e dramático na adolescência, mas muitas vezes é mais do que isso...

O problema é que com o tempo acabamos por nos acostumar tanto a estes sentimentos, que acabam por se tornar a nossa realidade, a nossa normalidade... uma criança que cresce com um pai bipolar, que constantemente tem de lidar com alterações bruscas de humor e aceitar o seu comportamento explosivo/agressivo, pode crescer a acreditar que merece ser tratada dessa forma e por isso ter maior tendência para se manter em relações tóxicas. Um adolescente que vê a sua depressão e ansiedade desvalorizada por aqueles que estão à sua volta pode passar a vida adulta inteira sem perceber que precisa de ajuda profissional – porque os tais medos e sentimentos “temporários” se mantiveram constantes por tanto tempo, que agora acredita fazerem parte da sua identidade.

Como é que se luta contra isto? Como é que se ajuda a por termo a algo que muitas vezes nem sabemos que existe? E como é que se ajuda alguém na luta contra a doença mental, sem cair no erro comum, de se deixar arrastar também para esse poço sem fundo?

Aprendes a pôr-te em primeiro lugar! Não perdes a perspectiva dos outros, mas pões-te em primeiro lugar.

Como tantas outras pessoas, fui educada para me preocupar com os outros, e muitas vezes isso significa ser encorajado a pensar nos outros primeiro, a por as prioridades dos outros à frente das nossas. Tenho muito orgulho da forma como fui educada, de como fui ensinada a olhar para além do meu umbigo e preocupar-me com os que me rodeiam, mas o que fui aprendendo ao longo da vida é que houve uma necessidade de me reeducar, porque me falta(va) a capacidade de equilibrar as minhas necessidades com as necessidades do resto do mundo. E a verdade é que, muitas vezes, a única forma de mantermos a nossa saúde mental é sermos um bocadinho egocêntricos. Não egoístas, nunca egoístas, mas egocêntricos.

Precisamos de nos focar em nós próprios, ler os sinais que a nossa mente/corpo nos dá, estar consciente das lutas internas que nos assolam e há quanto tempo nos acompanham, para nos protegermos  e não cairmos, nós próprios, num poço tão fundo que nos impossibilita de ajudar alguém.

Tal como outras doenças, ninguém está a salvo das doenças mentais, o melhor que podemos fazer é estar atentos aos sinais e seguirmos os nossos instintos – se não parece normal, se não parece temporário ou algo que melhora com o tempo, talvez não seja. Não tentes por tudo para trás das costas, esquecer, na esperança que com o tempo essa sensação desapareça, para anos mais tarde descobrires que o problema ficou ainda maior.

Esse é talvez o nosso maior erro quando lidamos com doenças mentais, as nossas ou de quem nos rodeia, fechar os olhos, ignorar, fingir que não vemos. Podemos cair na ilusão que aos poucos o problema está a desaparecer, mas o que quer que seja que não ficar resolvido, mais cedo ou mais tarde vai acabar por reaparecer.



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