Nota: Versão portuguesa mais abaixo.
A long time ago there was a little girl. She had
big dreams and high hopes for life. She believed in Santa Claus and fairy tales,
she even believed in people.
She was sweet and naïve, she loved to play
pretend and no matter how much she was teased she enjoyed the innocence of
being a child.
She never used bad words and she would never
set a foot out of line, no so much because someone was watching her, but
because she believed in following the rules. She was shy, but she believed in
justice and playing fair, so if the situation would demand it, she would rise
to the occasion. She had strong values and a thing for lost causes… after all, she
believed people were inherently good.
She was curious and observant. She collected
her data and then draw her conclusions. For her, the world was black and white.
She knew what she wanted to be from a young
age, a certainty she would never experience again. She always cared for others,
but she was joyful and untroubled. To the untrained eye she would fit wherever
she’d go. She was class president and team captain year after year, and yet she
would also be friends with all the (pre-labelled) troublemakers.
She had her whole life laid out, she wanted to
work with children and help people, she wanted to reach those that didn’t fit
in the box (a box she apparently fitted so well). She wanted to create a school that would
teach through arts and sports, where kids could be part of teams and be seen as
more than their grades.
Everyone has always told her that if you work
hard you succeed, so she really believed she could make it happen. All she had to do was to be a good girl,
follow the rules and work hard (and she was good at that!), and all the rest
would work out on its own.
It sounded easy!
Then one not so special day everything started
shifting. She started noticing little things, the things people would say, how
they’d act, and slowly she realised that the people she had grew up around,
that she was supposed to love and admire weren’t necessarily all so great. It
was odd at first, she used to be a kid who liked everyone. She was still seeing the world as black and
white, so if those people weren’t so amazing as she thought…. What did that
make them?
What really turned the tables, however, happened
a few months later. There were some news on T.V about a war. She remembered she
had tried for a while to get it, what was happening, what it was about…? She
couldn’t quite figure it out, so eventually she decided to ask. She just wanted
to know who the bad guys were so she would know who to root for. It seemed to
her like a simple question, except the answer she got was “It’s not that simple…
This is not a fairy tale, there aren’t bad guys and good guys, it’s always more
complicated than that”. And man that’s when everything stopped making sense!
Well, she got it, afterwards, she got it, but
that changed everything, because suddenly there were so many grey areas. In one
hand it was good, it meant that the people she didn’t admire 100% anymore weren’t
necessarily bad, they just had different sides to them, and that was okay, but
what did it mean about everything else?
If there were grey areas, was it still true
that working hard meant reaching one’s dreams? Would making good for people
really be that impactful and change their lives? If there were grey areas where
did she stand??
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Preto no Branco
Há muito tempo atrás havia uma
menina com grandes sonhos. Ela acreditava no Pai Natal e em contos de fadas, e
até acreditava nas pessoas.
Era doce e ingénua, adorava
brincar ao faz-de-conta e não se importava com o que os outros diziam, pois
adorava a inocência da infância.
Nunca dizia palavrões, nem pisava
o risco, nem tanto por ser muito controlada, mas porque acreditava nas regras
que seguia. Era tímida, mas tinha um forte sentido de justiça, pelo que se a
situação o exigisse, defendia aquilo em que acreditava. Tinha valores fortes e um je ne sais quoi para causas
perdidas... pois acreditava que no fundo as pessoas eram boas.
Era curiosa e observadora.
Recolhia toda a informação e depois tirava as suas conclusões. Para ela o mundo
era preto no branco.
Desde cedo soube o que queria
fazer na vida, uma certeza que nunca mais viria a experimentar. Preocupava-se
com os outros, mas era alegre e serena. À primeira vista, integrava-se com facilidade
onde quer que fosse. Fora sempre delegada de turma e capitã de equipa, e no
entanto, era também amiga de vários miúdos considerados “rufias”.
Tinha a sua vida toda planeada,
queria trabalhar com crianças e ajudar pessoas, queria chegar àqueles que não
“cabiam na caixa” (uma caixa em que ela aparentemente cabia tão bem). Queria
criar uma escola de sonho, em que se pudesse aprender através das artes e do
desporto, onde os miúdos pudessem experienciar o que é fazer parte de uma
equipa e serem vistos como mais do que as suas notas.
Toda a gente sempre lhe dissera
que quem se esforça tem sucesso, por isso acreditava mesmo que podia realizar o
seu sonho. Tudo o que tinha de fazer era ser portar-se bem, cumprir as regras e
trabalhar muito (tudo coisas que ela fazia bem!), e o resto aconteceria
naturalmente.
Parecia fácil!
Até que um dia, tão banal como
tantos outros, tudo começou a mudar. Começou por notar pequenas coisas, coisas
que as pessoas diziam, como agiam, e lentamente começou-se a aperceber que as
pessoas que a rodeavam, com quem tinha crescido, que devia amar e admirar
incondicionalmente se calhar não eram todas assim tão fantásticas. Foi estranho
ao início, ela costumava ser uma pessoa que gostava de toda a gente. Ainda via
o mundo a preto e branco, por isso se essas pessoas não eram assim tão fantásticas...
o que é que elas eram afinal?
A gota de água, no entanto,
aconteceu uns meses mais tarde. Havia umas notícias na televisão sobre uma
guerra, que há já uns tempos ela andava a tentar perceber. Queria saber o que
se passava, sobre o que era... mas não chegava a nenhuma conclusão, pelo que
acabou por perguntar a um adulto. Queria apenas saber quem eram os bons e quem
eram os maus, para saber por quem devia torcer. Parecia uma pergunta simples,
só que a resposta que recebeu foi “Não é
assim tão simples... isto não é como nos contos de fadas, não há bons e maus, é
um bocado mais complicado que isso”. E nesse momento tudo deixou de fazer
sentido!
Bem, com o tempo ela percebeu,
mas a verdade é que tudo mudou, porque de repente havia tantas zonas cinzentas.
Por um lado era bom, isso queria dizer que aquelas pessoas que ela já não
admirava a 100% não eram necessariamente más, talvez tivessem apenas lados
diferentes que ela antes não conhecia, e isso era bom... mas o que quereria
dizer sobre tudo o resto?
Se existiam zonas cinzentas,
seria ainda verdade que o trabalho árduo garantia a realização dos sonhos? E
ajudar outras pessoas, teria isso de facto assim tanto impacto nas suas vidas?
Se agora de repente existiam zonas cinzentas, onde é que isso a deixava, a si e
ao seu futuro??
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