Nota: Versão portuguesa mais abaixo.
I’ve been consciously avoiding writing about this topic, although lately these questions have been constantly in my mind. It’s probably cowardly, but the truth is that I’ve read so many disappointing opinions over the past months that I wasn’t sure I even wanted to bring this up. People are entitled to their opinions, I’m all for freedom of speech, but that doesn’t necessarily means that I want to listen to them.
I like to think that I’m open minded, that I’m willing to hear and respect other people’s beliefs, but there are a some thoughts that once heard can’t be unheard, and that simple change the way I see that person.
I don’t have an assertive character, I don’t feel strongly about much, but if there’s something I feel strongly about is racism, equality, human rights and solidarity. And maybe that’s another reason why I don’t necessarily like to discuss this, because these are some of the few things I know I won’t change my mind, and unfortunately I’m aware how unlikely it is to change someone’s opinion on these topics. Once again I’m probably being coward, but some comments literally leave me so sick to my stomach that I can’t even manage to have a proper conversation.
I understand that people are afraid of the unknown, I admit that not all of us are willing to immerse themselves in other cultures, I can even try to comprehend the apprehension that comes with the contact with someone different, but what I can’t grasp is how people are willing to risk human lives over their fears. How first world problems have precedence over human beings.
I don’t understand how you can be so certain, feel so strongly against an entire race or ethnic group, that you're unfazed by human suffering.
It bothers me the way people choose to dehumanize the victims to justify their actions, because when you think about numbers tragedy becomes statistics. But I don’t care about the numbers, I don’t care about the risks, it’s people we’re talking about!
And yes, maybe this is a naïve way to perceive the world, but if you lose faith in people, what are we living for?
What scares me the most, is how little we seem to have learned with the past. I’m not surprised that one person can be crazy enough to want to eradicate or simply refuse help to someone because they’re different, what scares me is how many people agree with it. Not only that, I also can’t comprehend how hateful people can be against the ones that do want to help and show acceptance. It’s one thing not to be open or actively help, but to be against those who are? Undermining their efforts by blaming them for not joining other causes? Just don’t get it…
I really don’t get it… Maybe it’s because I come from a big mixed family where despite its size there was always room for one more. Maybe it’s because I’ve been extremely welcomed in all the places I’ve travelled regardless the history of my country. Maybe it’s because I was always haunted with the fact that our fates can be determined simply by where we’re born. Maybe because that’s just who I am… the truth is that I can’t justify my motivation anymore that I can justify the others’, the only thing I know is that I can’t be indifferent to human pain.
So no, I don’t like to discuss our (lack of) Humanity, but that’s not right. That’s not the correct approach. We need to speak up. Even though is hard to keep it together sometimes, even though you don’t know how to explain something that is so clear for you, even if it shows you a side of people that you’d rather not know. We need to speak up, because it may not be today, it may not be tomorrow, but eventually that’s how change happens.
“First they came for the Socialists, and I did not speak out—because I was not a Socialist.
Then they came for the Trade Unionists, and I did not speak out— because I was not a Trade Unionist.
Then they came for the Jews, and I did not speak out— Because I was not a Jew.
Then they came for me—and there was no one left to speak for me.”
MARTIN NIEMÖLLER
Onde está o nosso sentido de Humanidade?
Tenho feito um esforço consciente para evitar escrever sobre este tema, apesar de ultimamente estas perguntas estarem constantemente no meu pensamento. Provavelmente é cobardia, mas a verdade é que tenho lido tantas barbaridades durante os últimos meses que não tinha a certeza se queria agitar as águas ainda mais. As pessoas têm o direito à sua opinião, defendo a liberdade de expressão, mas isso não quer necessariamente dizer que eu queira ouvi-las.
Gosto de pensar que tenho uma mente aberta, que estou disposta a ouvir e respeitar as crenças dos outros, mas há opiniões que uma vez ouvidas não podem ser esquecidas, e que simplesmente mudam a forma como olho para essa pessoa.
Não tenho uma personalidade assertiva, não tenho opiniões fortes sobre muita coisa, mas se há temas sobre os quais tenho opiniões fortes eles são o racismo, igualdade, direitos humanos e solidariedade. Talvez essa seja outra razão pela qual não tenho muita vontade de discutir estes temas, porque se por um lado sei que não vou mudar a minha opinião, por outro, estou consciente que é pouco provável conseguir mudar a opinião de alguém sobre os mesmos. Mais uma vez, talvez seja uma atitude cobarde, mas a verdade é que alguns comentários deixam-se tão enjoada que nem consigo ter uma resposta apropriada.
Percebo que as pessoas tenham medo do desconhecido, admito que nem todos estejam disposto a mergulhar em outras culturas, posso até compreender a apreensão que surge do contacto com alguém diferente, o que não consigo entender é como é que as pessoas estão dispostas a arriscar vidas humanas apenas com base em receios. Como é que problemas de primeiro mundo têm precedência sobre seres humanos.
Não percebo como é que se pode estar tão certo, ser-se tão contra uma raça ou grupo étnico, que se fique imune ao sofrimento humano.
Incomoda-me como as pessoas preferem desumanizar as vítimas para justificar as suas opiniões, porque quando se pensa em números a tragédia torna-se estatística. Mas eu não quero saber dos números, não quero saber dos riscos, é de pessoas que estamos a falar!
E sim, se calhar esta é uma visão ingénua do mundo, mas se perdermos a fé nas pessoas, pelo que é que estamos a viver?
O que mais me assusta é o pouco que aprendemos com o passado. Não me surpreende que haja uma pessoa louca, disposta a erradicar ou recusar ajuda a alguém por ser diferente, o que me assusta é a quantidade de pessoas que concordam com isso. Também não consigo perceber o ódio direcionado a quem quer ajudar e mostrar aceitação. Uma coisa é não ajudar de forma activa, mas ser contra aqueles que o fazem? Minar os seus esforços culpando-os por não se juntarem a outras causas? Não percebo…
Realmente não percebo…
Talvez porque vim duma família grande e diversificada, onde apesar do seu tamanho cabia sempre mais um. Talvez porque sempre fui bem acolhida nos diversos sítios que visitei, apesar da história do meu país. Talvez porque sempre fui assombrada pelo facto do nosso destino poder ser determinado simplesmente pelo local onde nascemos. Talvez porque é simplesmente quem sou… a verdade é que não consigo justificar a minha motivação melhor do que consigo justificar a dos outros, a única coisa que sei é que não consigo ser indiferente à dor humana.
Por isso, não, não gosto de discutir a nossa (falta de) Humanidade, mas isso não está certo. Essa não é a abordagem correcta. Apesar de ser difícil por vezes manter a postura, apesar de não saber como explicar algo que para mim é tão óbvio, mesmo que isso me leve a descobrir um lado das pessoas que eu preferia não conhecer. Precisamos de falar, porque pode não ser hoje, nem amanhã, mas com o tempo, é assim que a mudança acontece.
“Primeiro vieram para os Socialistas, e eu não falei – porque não sou Socialista.
Depois vieram para os Sindicalistas, e eu não falei – porque não sou Sindicalista.
Depois vieram para os Judeus, e eu não falei – porque não sou Judeu.
Depois vieram para mim – e não restava mais ninguém para falar”
MARTIN NIEMÖLLER
2 comments :
Tenho muito orgulho de seres minha filha!
I agree with so many of the things you write here!
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