Aos pequenos (grandes) prazeres

Nota: Para aquelas que aconteça o que acontecer serão sempre as minhas meninas, as melhores, as mais puras, as mais especiais (Mada & Fran). Obrigada por uma tarde bem passada :)

Há dias em que as pequenas coisas nos fazem felizes, em que o cansaço e as quatro horas de sono mal dormiddas valem a pena, em que as pequenas coisas nos trazem um conforto especial. A felicidade é uma busca constante do ser humano e dia após dia buscamos incessavalmente por algo grandioso que nos faça sentir que tudo o resto vale a pena. Não sei ainda se a felicidade é algo que se consiga atingir plenamente, vejo-a mais como pequenos pedaços de prazer, pequenos momentos que nos aquecem a alma e nos fazem sorrir por dentro. A felicidade está naquela gargalhada que não consegues conter, naquele mimo que sai naturalmente, nas histórias contadas e partilhadas, nas confissões de alguém que está a crescer, na percepção de que há coisas que apesar de tudo se mantém iguais.

Talvez por sentir que a minha percepção do mundo mudou drasticamente quando cresci sempre esperei com algum receio o dia em que também aqueles que em pequenos me eram próximos dessem esse salto e o inevitável afastamento acontecesse. São circustâncias inevitáveis da vida, mas que fazem com que cada um destes dias em que sinto que afinal ainda não foi desta que tudo mudou tenham um significado especial.

É tão bom ver alguém de quem se gosta crescer, e melhor ainda poder ver o nosso carinho e orgulho por essas pessoas crescer com elas. Sentir que as crianças que há uns anos tinham afirmações convictas sobre determinados assuntos começam agora a considerar outras perspectivas mas que a adolescência apenas enaltece o que já de fantástico tinham.

É estranho este sentimento... desadequado? Talvez. Faz-nos sentir um pouco velhos, eu entendo, mas no fundo é bom sinal. Sabe bem saber que aquele colo que uma vez vos dei se pode ter transformado agora num abraço, mas que ainda lá está. Que os conselhos pedidos podem ter mudado de tema, mas ainda surjem. Que as férias passadas juntas são ainda uma possibilidade a considerar e que as confissões mais intímas até certo ponto ainda acontecem.

É engraçado perceber que apesar de sermos todas tão diferentes encontro pedaços de mim em cada uma de vocês, do que fui, do que sou, do um dia dia espero ser, quase como se fossem uma versão melhorada de mim mesma. As minhas únicas irmazinhas durante muitos anos, com o mesmo gosto pelo basket e por viagens que eu, com os mesmos olhos azuis. Os arranhões, os trambolhões, as discussões que com gosto ajudei a resolver, as dúvidas, inseguranças e desafios, que sempre acreditando vos vi ultrapassar e os sorrisos mais verdadeiros e contagiantes que irei encontrar.

A tarde de ontem não foi especial por ser diferente, mas por sentir que pouco mudou, porque às vezes são nestes momentos vulgares, não planeados, e em que o tempo vôa, que constróis mais algumas memórias para te fazerem feliz.