Nota: Versão em português mais abaixo
I used to be a happy, carefree
kid. I was always happy, I woke up happy! But somewhere along the way things
took a turn to a darker side and since then I’ve always struggled with the
concept of happiness.
When I was in therapy, my
therapist used to start the sessions by having me identify my emotions, and as
much as I had trouble with this exercise in general, it became clear that it
was much harder for me to identify positive emotions – happiness in particular.
Over those three years in a half I
was in therapy, I don’t think I ever identify the emotion I was feeling as
happiness. And it wasn’t because I was in a bad place, it was just that when I
wasn’t feeling any negative emotion, I’d just say I was neutral (yes, I know
that’s not an emotion). The point is, I couldn’t get myself to say I was happy,
because I didn’t truly feel it.
Am I happy? I mean, I’m not
unhappy, but that’s not exactly the same thing, is it?
I often think that will never be
happy, that I don’t have it in me to be happy. Bear with me, it’s not as
depressing as it sounds, I promise.
I’ve done some research on
happiness, because, that’s what you do when you have a hard time understanding
everyday concepts that seem to come easier for others, and in most definitions
I found, it boils down to something like,
“Happiness is an emotional state
characterized by feelings of joy, satisfaction, contentment, and fulfillment”
Now here’s where I struggle with
it - contentment and fulfillment. I can feel joy, and to some degree
satisfaction, but I have a hard time with the latest two.
There’s this conventional idea of
happiness as perfect picture, as a synonym of having it all, as an end-goal.
But what if we don’t have an
end-goal? What if we won’t ever be content? What if we don't fit in the
conventional picture of happiness? What if we simply don’t all experience happiness
in the same way?
Maybe for some people happiness
is not so much a feeling, or an emotion, but a process. Maybe for some
happiness is not destination of peace and contentment, but simply being able
to, day after day, explore their own self and redefine what they thought they
knew.
They say that to find happiness
one must find a sense of purpose, build meaning relationships and set goals,
but that adds an unrealistic amount of pressure, because the reality is that
some of those things don’t depend solely on yourself.
The idea that everyone deserves
happiness, that you can actively pursue it, that it will eventually come for
everyone may be an encouraging though for some, but for others it can lead to
anxiety and self-loathing. If everyone deserves happiness and yet I can’t find
it, what am I doing wrong? What’s wrong with me, that I can’t feel something
that everyone else does?
This inaptitude to find happiness
also easily leads to guilt – how can I be not happy when I have such a good
life? When I have a home, and I’m safe, and I have family and friends who are
dear to my heart, when I do what I love…?
And I don’t know, I don’t… But there’s
a difference between knowing you should be happy and actually feeling happy. I
know I can be in the happiest setting, enjoying myself, surrounded by people I
love, and yet there’s always something on the back of my mind that prevents me
to experience it fully. There’s always that wondering thought of what might go
wrong. I can be having the best time of my life and yet feel like I don’t
belong or feel utterly and totally miserable.
Maybe that’s why my dreams have
always danced around the idea of lachesism (desire
to be struck by disaster), in hope that in the face of tragedy, I’d find a
bigger appreciation for living, for happiness.
I promised, at the beginning, my
struggle with happiness wasn’t that depressing, and here’s why.
I figured I don’t have to fit the
mold, which I clearly don’t. I don’t care that people find it odd how much I
enjoy my solitude, I don’t care if I fit this preconceived idea of what’s
normal for a certain age or gender or whatever, and I certainly don’t feel this
urge to pursue happiness. Happiness feels such a large, abstract, definitive
concept to me… So, I choose not to look at it that way.
I try to focus on doing things
that bring me pleasure and joy, things that warm my heart, even if momentarily,
even if they don’t make me feel contentment or satisfaction, even if they don’t
last long, even if they’re not perfect. And the most freeing thing about stopping
chasing happiness, is that pressure fades, and it allows you to just live.
I don’t know much about
happiness, but the way I try to contribute to other people’s happiness is by
not making things harder for them.
People say I have a good temper,
I don’t, I just think we’re all dealing with so much crap that the last thing I
want is to negatively add to it. So, I try to be kind, and companionate, and
patient and supportive. And what I realized is that maybe the way for happiness
is by showing the same kindness, compassion, patience and support for myself. Maybe
for me, happiness is no more than not being at war with myself.
Vamos falar sobre felicidade
Eu fui uma criança feliz e despreocupada. Eu estava sempre feliz, acordava
feliz! Mas algures pelo caminho, as coisas tomaram um rumo diferente e desde
então sempre me debati com o conceito de felicidade.
Quando estava na terapia, a minha psicóloga começava as sessões sempre com
a mesma pergunta – Como se está a sentir? Identificar as minhas emoções era um exercício
no qual eu tinha dificuldades no geral, mas depressa se tornou evidente que era
muito mais difícil para mim identificar as emoções positivas – felicidade, em
particular.
Ao longo dos mais de três anos que fiz terapia acho que nunca disse que me
sentia feliz. E não era que estivesse a passar um mau bocado, porque nem
estava, simplesmente quando não sentia algo negativo, sentia-me simplesmente…
neutra (e sim, sei que isso não é uma emoção). Ou seja, não conseguia dizer que
estava feliz, porque não o sentia verdadeiramente.
Serei feliz? Sei que não sou infeliz, mas isso não é exatamente a mesma
coisa, pois não?
Há muitos anos que tenho esta teoria de que nunca serei feliz, que a
felicidade não é algo que resida em mim. Não desistam já, prometo que não é tão
deprimente como parece!
Fiz alguma pesquisa sobre felicidade (porque é isso que uma pessoa faz quando
tem dificuldade em compreender conceitos do dia-a-dia aparentemente óbvios para
as outras pessoas), e tendo em conta a maior parte das definições que
encontrei, resume-se mais ou menos a isto:
“Felicidade é um estado emocional caracterizado por sentimentos de alegria,
satisfação, contentamento e realização”
Tudo se complica na segunda parte da frase – contentamento e realização. Consigo
sentir alegria, e até certo ponto, satisfação, mas tenho muita dificuldade com
os outros dois.
Existe esta ideia convencional de felicidade como algo idealizado, como
sinónimo de ter tudo, de atingir um objetivo final.
Mas e se não tivermos um objetivo final? E se nunca nos contentarmos? E se
não nos encaixarmos nessa ideia perfeccionista de felicidade? E se, simplesmente,
não experienciarmos todos a felicidade da mesma maneira?
Se calhar, para alguns, a felicidade não é tanto um sentimento, ou uma
emoção, mas sim um processo. Se calhar, para alguns, a felicidade não é um destino
de paz e contentamento, mas simplesmente ser capaz de, dia após dia,
explorar-se a si mesmo e redefinir aquilo que já se pensava conhecer.
Dizem que para encontrar a felicidade uma pessoa tem de encontrar um
propósito, desenvolver relações significativas e estabelecer objetivos, mas
isso impõe uma pressão irrealista, uma vez que a verdade é que muitas dessas
coisas não dependem apenas de nós.
Esta inaptidão para encontrar a felicidade leva também a um enorme
sentimento de culpa – como posso não ser feliz quando tenho uma vida tão boa?
Quando tenho uma casa, vivo em segurança, tenho família e amigos, quando faço o
que gosto…?
E não sei, a verdade é que não sei… Mas há uma diferença em sentir que
devíamos estar felizes, e estarmos efetivamente felizes. Eu sei que posso estar
num ambiente feliz, a divertir-me, rodeada de pessoas que gosto, e ainda assim
há sempre algo que me previne de viver essa experiência na sua plenitude. Há
sempre aquele pensamento flutuante do que pode correr mal. Posso estar a viver
um bom momento e ainda assim sentir que não pertenço ali.
Talvez por isso, desde pequenina os meus sonhos dancem à volta do conceito
de “lachesism” (desejo de ser atingido por um desastre), na esperança de que
face à tragédia, conseguisse finalmente dar valor à vida, à felicidade.
Eu disse que isto não seria deprimente, e aqui está o porquê.
Com o tempo percebi que não tenho de caber em nenhum molde, em que
claramente não me insiro. Não me importa que as pessoas estranhem o quanto aprecio
a minha solitude, não me preocupo se me enquadro no que está preconcebido como
normal para determinada idade ou género, e decididamente não sinto urgência em
perseguir a felicidade. A felicidade é um conceito demasiado grande e abstrato
para mim… por isso, prefiro olhar para as coisas de forma diferente.
Em vez dessa procura pela felicidade plena, procuro fazer coisas que me dão
prazer e alegria, que me aquecem o coração, ainda que momentaneamente, ainda
que não me transmitam uma sensação de realização ou contentamento, ainda que seja
passageiro e imperfeito. O mais libertador de deixarmos de perseguir a
felicidade é que pressão se esvanece e isso permite-nos simplesmente viver.
Não sei muito sobre felicidade, mas a forma como tento contribuir para a
felicidade dos outros é simplesmente tentando não tornar as suas vidas mais difíceis.
Dizem que tenho um temperamento fácil, não é verdade, sinto apenas que já
temos tantas coisas negativas com que lidar que a última coisa que quero é ser mais
uma coisa nesse saco. Por isso, tento ser gentil, compreensiva, empática e paciente.
E o que percebi é que talvez o caminho para a felicidade passe por mostrar
a mesma gentileza, compreensão, empatia e paciência comigo mesma. Talvez para
mim, felicidade não seja mais do que não viver numa constante guerra interior.
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