Nota: Versão portuguesa mais abaixo
I didn’t realize I was missing it
until I got it back.
I like my job, and I’m aware how privileged
I’m for being able to do something that gives me joy and a purpose in life. It’s
not something I take for granted, nor something that I have to force myself to
do, but this has been a weird year, a year that forced us to close doors and enforce
distance.
The challenge is far from being
over, even today, Christmas Eve, we are being forced to reinvent long lasting
family traditions for a greater good, but little by little over the past 9/10
months, we’ve learned to adjust.
On Monday we had our “normal”
open doors day at work. Actually, there was nothing normal about it… We were
constantly disinfecting hands and surfaces, the masks covered their (and ours)
smiles, for the first time EVER we had to deny entrance to some kids and, perhaps
the hardest part of all… we had to deny hugs and reinforce physical distance.
So, come to think of it, nothing about
Monday, or the days that followed was normal… The kids used to hug us all the
time, it was the first thing they did when they’d arrived, and before they’d
leave, and anywhere in between… They hugged us when they were happy, we made
sure to hug them when they were sad… it was our very own language of love.
I had wondered before how it
would feel to go back knowing there would be all these rules to follow, knowing
how much of our identity was being stolen for safety and health.
Monday finally came, and we followed
the rules, and we adapted and adjusted and did the best we can. The day went by
fast, as it does when you’re busy, and it wasn’t until I was walking home, tired,
my head still full of their voices and laughter and shouting… that I realized how
much I had missed it.
I was, like I hadn’t been in
months, tired, but completely hyped.
I was, like so many times in the
past, done with the day, but still processing all the interactions I’d had
during the day.
I was, I realized then, glad to
be back in that crazy, dysfunctional to the untrained eye, environment where
you’re answering to 3 different kids at the same time, while managing a dispute
between 2 other kids and explaining the rules of a game to another bunch, while
your phone is ringing and your colleague is trying to talk to you…
I was glad to be back because I
had truly missed it. I was glad because even though it’s not perfect, even
though I hate they can’t see me smiling at them, I have we can’t hug, or be all
bunched up in the same 4 square feet, we still have eachother and when this all
passes we will be stronger than before.
É bom estar de volta
Nem me apercebi que tinhas saudades até o ter de volta.
Gosto do meu trabalho e tenho a noção do privilégio que tenho em fazer
fazer algo que me dá prazer um propósito na vida. Não é algo que tome por
certo, ou que tenha de me forçar a fazer todos os dias, mas 2020 tem sido um
ano esquisito, um ano que nos obrigou a fechar portas e forçar distâncias.
O desafio está longe de estar terminado, hoje mesmo, na véspera de Natal, estamos
a ver-nos obrigados a reinventar as tradições de família por um bem maior, mas
nos últimos 9/10 meses, pouco a pouco, fomos aprendendo a adaptar-nos.
Na segunda feira tive o primeiro dia “normal” de portas abertas no
trabalho. Na verdade, pouco houve de normal… Passámos o dia a desinfetar mãos e
superfícies, as máscaras escondiam os sorrisos (os nossos e os deles), pela
primeira vez tivemos de negar a entrada a algumas crianças e, talvez o pior de
tudo, tivemos de negar abraços e forçar a distância física.
Por isso, pensando bem, nada sobre segunda feira, ou os dias que se seguiram,
foi normal… Os miúdos costumavam abraçar-nos a todo o momento, era a primeira
coisa que faziam quando chegavam e a última que faziam no final do dia… Abraçavam-nos
quando estavam contentes, e nós garantíamos sempre abraços quando estavam
tristes também… era a nossa linguagem de amor.
Já me tinha questionado como seria voltar sabendo que teríamos todas estas
novas regras para implementar, sabendo que tanto da nossa identidade se
perderia pelo bem da segurança e da saúde.
Finalmente a segunda feira chegou, seguimos as regras e adaptamo-nos o
melhor que conseguimos. O dia passou a voar, o que acontece quando se está ocupado,
e só quando já ía a caminho de casa, cansada, com a cabeça ainda cheia das suas
vozes, dos seus risos e dos seus gritos é que percebi as saudades que sentia de
tudo isso.
Estava, como não me sentia há muitos meses, exausta, mas energizada.
Tinha chegado, como tantas vezes no passado, ao fim do dia, mas ainda a processar
todas as interações que tinham ocorrido.
Foi aí que percebi que estava muito contente por estar de volta à loura e àquele
ambiente aparentemente disfuncional, em que estás a responder a 3 miúdos ao
mesmo tempo que geres um conflito entre outros dois e explicas as regras de um
jogo a um terceiro grupo, enquanto o telefone toca e a tua colega tenta falar
contigo…
Estava contente por estar de volta porque tinha mesmo saudades, mais do que
me tinha dado conta. Estava contente porque apesar de não ser perfeito, apesar
de odiar não se ver os sorrisos, não nos podermos abraçar, ou estar todos ao
molho num cantinho, ainda nos temos uns aos outros e, quando tudo isto passar,
estaremos ainda mais unidos.
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