Nota: Versão portuguesa mais abaixo
It’s hard to believe 2020 is coming to an end. It’s been a weird year all around the globe. Time seemed to have slowed down has we spend months stuck inside our homes and at the same time months went by without us even noticing it.
Some say we will never go back to normal, some say we’ll just have to get used to a new normal… I don’t even try to make predictions.
We keep joking that 2020 doesn’t count. That we should reset it. That we should all just agree to start over. But was it really wasted?
I’ve always struggled with the
balance of being aware of what’s going on in the world and at the same time not
worry about it so much that it paralyzes me.
As this pandemic started to
unravel, I quickly realized that in order to maintain my sanity I had to, one, limit
the time I’d spend watching/hearing the news and all the conspiracy theories and,
two, focus on useful things what I could do/learn during this period that would
allow me not to feel like I was just wasting time.
During this period, I’ve learned to use the sewing machine and make baby clothes for my first nephew. I’ve started to learn crochet and manage to make half of my Christmas gifts with my own hands. I’ve wrote. I’ve played Sudoku regularly. I worked out almost every single day, sometimes twice a day. I tried out (and enjoyed!) dance classes. I ran often, and managed to end 2020 with a 20 Km run, despite despising that form of exercise. I baked. I refurbished furniture. I worked on some projects and developed new ideas for the future. I engaged in social justice conversations and debates. I thought about my principles, my values, my motivations. I confronted myself with some harsh realities.
Each gathering with friends or
family became extra especial - I’ve learned to be more selective but to also
make the best of each opportunity. Due to my introvert nature, staying home,
not engaging in major social gatherings wasn’t hard, although, I do miss
hugging some people terribly.
It has been a weird one, I’m not
trying to romanticize it. It’s been though, it has been particularly hard on
some people, a lot of people have died and unfortunately, it’s far from being
over. That’s the harsh reality that we can’t change. If anything, 2020 showed
us how small and impotent we truly are.
Covid 19 brought out a lot of
issues we tend to ignore as a society, and on top of safety rules we had to
learn to incorporate in our everyday lives, on top of strict rules and
limitations, it also forced us to become more aware of our mental health. With
the added fear of illness and limited distractions a lot of people were forced
into hearing their own minds, forced to face their anxiety, which in a way
started a much-needed conversation about the topic.
It feels almost wrong to say 2020
hasn’t been the most terrible year, because it surely has been that for a lot
of people around the world, but considering what I cannot change, what I take
from it is that despite all the challenges that this year has thrown on us,
this was not the one I mentally struggled the most. And this doesn’t mean it
has been easy, there was a lot of effort and conscious decisions that were
taken, but I hope it means growth.
Being able to acknowledge the seriousness
of the pandemic, while still validating my own struggles and successes. Welcome
solitude, but avoiding falling down rabbit holes. Define goals, but being
flexible. Allow myself to try and enjoy things I’d never done before. Embrace
new hobbies out of joy and not out of necessity to keep my mind busy. Being
aware of the people and inputs I surrounded myself with and how they affect my
mental health. Being aware of how I impact others… all of these were things I
might have failed at in the past.
2020 forced physical distance between
us all, and while nothing can replace the power of a hug, a kind smile or a
warm touch, it also reinforced something I believed before – physical distance only
negatively impacts our relationships as much as we let it – in the sense that
there’re still so many ways to show love and appreciation, to inspire and be
inspired, to create, to challenge, to show strength and support others despite
distance.
We know this is temporary, even if
we don’t know when it will be over, but one thing that was clear for me from
the beginning was that I didn’t want to just sit and wait for it to end. I didn’t
know what that meant, I didn’t have a plan (that’s a first!), but I had my head
in the right place for once. And so, despite all the bad and weird that this
year has brought us, I’d be lying if I say I didn’t find good in it. It’s all a
matter of perspective, and perhaps this is my naïve side coming up, but I choose
to focus on the good and on the things I have influence over.
Having said that, I’m grateful
for,
. having a family that is
creative and responsible enough to stay connected safely #christmasinthesummer
. the friends I can have deep
conversations with, the ones that help me grow #friendsinspirefriends
. the “Yes” friends who are
willing to join in any crazy ideas/challenges I come up with #marathon #Team
MIA
. the people who choose to use
the internet to bring joy to others and create incredible communities and go against
the idea that the internet is always a toxic place #thelimitfit #onecauseaday
. the people who are special by just being who
they are, who are kind enough to share their stories and their time with others
and inspire us to be less self-centered #speciallynormal
. having a body that still moves
and endures my silly decisions;
. having a mind that has been
slowly walking to a healthier place.
I sure hope 2021 will give us a
break, but until things get easier, let’s still find a way to live, not just
wait.
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2020 – Não foi um
desperdício
É difícil acreditar que 2020 está a chegar ao fim. Foi um ano… estranho. O
tempo parecia parado quando estávamos em confinamento, fechados em casa, e ao
mesmo tempo nem demos pelo ano passar.
Alguns dizem que nunca vamos voltar ao normal, outros que vamos ter de nos
habituar ao “novo normal”… eu nem me arrisco a fazer previsões.
Passámos o ano a brincar, a dizer que “2020 não conta”, que devíamos fazer
um “reset”, “rebentar a bolha” e começar de novo. Mas será que foi mesmo um desperdício?
Sempre tive problemas de equilíbrio, entre os quais conseguir o equilíbrio entre
estar consciente do que se passa no mundo, e ao mesmo tempo não me preocupar tanto
com isso ao ponto de ficar paralisada.
Quando a pandemia começou a tomar forma, depressa percebi que para manter a
minha sanidade mental tinha de fazer duas coisas, uma, limitar o tempo que
passava a ouvir notícias e as consequentes teorias de conspiração e, dois,
focar-me em coisas úteis que pudesse fazer/aprender que me dessem prazer e que
me fizessem sentir que enquanto estava fechada em casa não estava apenas a
desperdiçar tempo.
Durante este período aprendi a usar a máquina de costura e a fazer roupas
de bebé para o meu primeiro sobrinho. Comecei a aprender crochet e consegui
fazer metade dos presentes de natal com as minhas próprias mãos. Escrevi.
Joguei Sudoku regularmente. Treinei praticamente todos os dias, às vezes duas
vezes por dia. Experimentei (e mais estranho ainda, gostei!) aulas de dança.
Corri com frequência, e consegui acabar o ano de 2020 a correr 20Km, apesar de
continuar a odiar essa forma de exercício. Cozinhei. Recuperei moveis que
apanhei no lixo. Criei novos projetos e ideias para o futuro. Envolvi-me em
discussões e debates sobre justiça social. Refleti sobre os meus valores, princípios
e motivações, e confrontei-me com realidades difíceis.
Cada encontro com amigos ou com a família tornou-se particularmente especial – aprendi a ser mais seletiva, mas também a aproveitar melhor cada momento. Devido ao meu lado introvertido, ficar em casa, não participar em grandes encontros sociais não foi difícil, ainda que, tenha umas saudades terríveis de abraçar algumas pessoas.
Foi um ano estranho, não estou a tentar romantizar a situação. Foi um ano difícil,
particularmente para algumas pessoas, muitas perderam o emprego, outras a vida,
e o pior é que está longe de ter terminado. Essa é a verdade que não podemos
alterar. Se 2020 serviu para alguma coisa foi para nos mostrar a nossa
insignificância e impotência.
A Covid-19 trouxe à tona muitos problemas que temos tendência a ignorar e,
para além das regras de segurança que tivemos de aprender a incorporar no nosso
dia a dia, para além das regras apertadas e das limitações com que fomos
forçados a viver, também nos obrigou a estar mais conscientes da nossa saúde
mental. Enquanto lidavam com o medo acrescido da doença, com distrações
limitadas, as pessoas viram-se forçadas a ouvir os seus próprios pensamentos, a
enfrentar a sua ansiedade, o que por sua vez levou a que finalmente se
começasse a falar sobre o assunto.
Parece quase errado dizer que 2020 não foi o ano mais terrível, porque
certamente que para muitos foi, mas pondo de parte aquilo que está fora do nosso
controlo, o que levo deste ano é que, apesar de todos os desafios, este não foi
o ano em que mentalmente tive mais dificuldades. E isso não quer dizer que
tenha sido um mar de rosas, houve todo um esforço, um conjunto de escolhas
conscientes, não foi fácil, mas espero que represente crescimento.
Ser capaz de aceitar a seriedade da pandemia ao mesmo tempo que validava as
minhas lutas e conquistas pessoais. Acolher a solitude, evitando cair no buraco
negro. Definir objetivos, mas ser flexível. Permitir-me a experimentar, e até a
gostar de coisas diferentes. Abraçar novos hobbies por prazer e não por necessitar
de ocupar a minha mente. Ter noção do impacto dos outros e do que está à minha
volta na minha saúde mental. Ter noção do impacto que eu tenho na saúde mental
dos outros… tudo isto eram coisas em que falhava constantemente no passado e
que senti que este ano apesar de tudo consegui navegar com alguma tranquilidade.
2020 forçou a distância física entre nós, e apesar de nada substituir o
poder de um abraço, a ternura de um sorriso, o calor de um toque, também reforçou
algo em que já acreditava – que a distância física não tem de ser um carrasco
de relações – que há muitas maneiras de mostrar amor e apreço, de inspirar e
ser inspirado, de criar, de desafiar, de mostrar força e apoiar os outros
apesar da distância.
Sabemos que isto é temporário, ainda que não saibamos até quando, mas uma
coisa que foi clara para mim desde o início foi que não queria ficar sentada à
espera que isto chegasse ao fim. Não sabia ao certo o que isso significava, não
tinha um plano (há uma primeira vez para tudo!), mas por uma vez na vida,
sentia que tinha a cabeça no sítio certo. Por isso, apesar de tudo de mau e bizarro
que este ano nos trouxe, estaria a mentir se dissesse que não houve coisas boas.
É uma questão de perspetiva, e talvez seja o meu lado mais ingénuo a vir ao de
cima, mas escolho focar-me no positivo e naquilo que posso influenciar.
Assim, apesar de tudo, este ano estou grata:
. por ter uma família que é criativa e responsável para se manter conectada
de forma responsável #natalnoverão
. pelos amigos com quem posso ter conversas profundas que me fazem crescer #amigosinspiramamigos
. pelos amigos “Sim”, que alinham nas ideias e projetos alucinados que
invento #maratona #TeamMIA
. pelas pessoas que escolhem utilizar a internet para trazer alegria aos
outros e criar comunidades incríveis, contrariando assim a ideia que a internet
é sempre um lugar tóxico #thelimitfit #umacausapordia
. pelas pessoas que são especiais simplesmente por existirem, e que são
generosas o suficiente para partilhar as suas histórias e o seu tempo com os
outros e nos inspirarem a sermos menos egocêntricos #especialmentenormal
. por ter um corpo que ainda mexe e sobrevive às minhas decisões estapafúrdias;
. por ter uma mente que caminha lentamente para um lugar mais seguro.
Espero que 2021 seja melhor, mas até as coisas se tornarem mais fáceis, que
tal não nos limitarmos a esperar, e continuar a viver?