Nota: Versão portuguesa mais abaixo.
I’ve always
been intrigued by the concept of communication. Words in general have always interested
me, but the art of the spoken word in particular fascinates me.
It’s curious
how, for better or worse, what tends to remain with us are words someone has
said to us in a brief moment, even more than words someone might have written for
us, that we could read and re-read over and over again.
At first glance
communication looks innate. Perhaps not innate, but certainly something we
master quite early, after all, communication is one of the first things we
learn in life. The funny thing is just because, as we grow older, we learn more
words (sometimes even more languages), that doesn’t necessarily mean we learn
to communicate better. The reality is that as we grow older it becomes harder
to know what to say, how and when to say it. We have more tools, and yet it
feels harder to express what we feel, what we need, what we meant.
As we go through
life, we start build these walls around us, we start to become more defensive more
constricted. It becomes harder to listen, truly listen, without judgment or
preconceptions. In fact, one of the common obstacles to communication is that often
we don’t listen to understand, we listen to reply, to react, to defend.
The tricky
thing about communication is that it is not just about people understanding
what you say, it’s about them understanding what you mean. Words are important,
there’s no way around that, but truth of the matter is, often the biggest part
of the message is not in the words you say, but in what is left unsaid. In a
conversation, silence and tone, are just as telling as the words themselves.
Communication is power, it changes our relationship with the world, and it changes the way the world interacts with us. It baffles me how bad we are at communicating, considering how present communication is in our everyday life.
They say the more you understand
yourself, the easiest it becomes to communicate with others. That makes sense
because the way we understand others is strongly influenced by our own story,
our own insecurities, our own fears and expectations. And perhaps the reason
why it is so hard to communicate effectively is that in order to do so we must
realize (and truly accept) that we are all different in the way we perceive
others and the world.
There are techniques to help improve
communication skills, but the reality is that there’re no magic roadmaps, because
communication is a two-player game, and no matter how hard you work on it, you
cannot control the way in which the other person receives the message. All you
can do is try to express yourself clearly, speak from the heart and try to be
coherent, but other than that… what happens between the moment the words leave your
lips and reach someone’s ears, is out of your control.
I’ve always admired people who
are good at communicating, people who speak freely, who are able to get their
message across easily, without overexplaining or overthinking. For me the biggest
challenge about verbal communication has always been the fact that there aren’t
do overs – once you’ve said something it’s out there, you can regret it, you
can apologize, but you can’t take it back – which is why I rather write.
Writing may seem like a more definitive form of communication, but it’s only
because the consequences of the spoken word are often undervalued.
Comunicação
O conceito de comunicação foi uma coisa que sempre me intrigou. Sempre me
interessei por palavras, no geral, mas a arte do discurso falado, em
particular, sempre me fascinou.
É curioso como, para o melhor e para o pior, as palavras ditas parecem ficar
na nossa memória mais até do que qualquer declaração que nos seja escrita e que
podemos ler e reler vezes sem conta.
À primeira vista a comunicação parece algo inato. Talvez não exatamente
inato, mas algo que que aprendemos a dominar cedo, afinal de contas, a
comunicação é uma das primeiras coisas que aprendemos na vida. O curioso é que
só porque, à medida que vamos crescendo, aprendemos novas palavras (às vezes
até novas línguas), isso não quer necessariamente dizer que aprendemos a
comunicar melhor. A verdade é que à medida que crescemos se torna mais difícil
saber o que queremos dizer, como e quando fazê-lo. Temos mais ferramentas, e
ainda assim parece mais difícil expressar o que sentimos, o que precisamos, o
que queremos dizer.
Ao longo da vida, começamos a construir muros, tornamo-nos mais defensivos,
mas limitados pelas nossas próprias perceções. Torna-se mais difícil ouvir sem
fazer julgamentos, sem preconceitos. Aliás, um dos maiores obstáculos à comunicação
é que a maioria das vezes não ouvimos para entender, ouvimos para responder,
para reagir, para defender.
O desafiante na comunicação é que não se trata apenas das pessoas perceberem
o que dizemos, mas sim de entenderem a mensagem. As palavras são importantes,
não há como negá-lo, mas a verdade é que muitas vezes o mais importante não
está nas palavras que dizemos, mas naquelas que ficam por dizer. Numa conversa,
o silêncio, o tom, são tão importantes como as próprias palavras.
Comunicação é poder. A capacidade de comunicar muda a nossa relação com o
mundo e muda a forma como o mundo interage connosco. Surpreende-me como somos
tão maus a comunicar, tendo em conta a presença constante da comunicação nas
nossas vidas.
Dizem que quanto mais nos conhecemos a nós mesmos, mais fácil se torna
comunicar com os outros. Faz sentido porque a forma como entendemos o outro é
fortemente influenciada pela nossa história, pelas nossas inseguranças, pelos
nossos medos e expectativas. Talvez a razão pela qual é tão difícil comunicar
de forma efetiva é que para fazê-lo precisamos de perceber (e aceitar) que percepcionamos
todos o mundo de formas muito diferentes.
É possível aprender e desenvolver competências na área da comunicação, mas
a verdade é que não há receitas mágicas, porque a comunicação é um jogo que
implica dois jogadores, e por mais competências que tenhamos, não podemos nunca
controlar a forma como o outro recebe a mensagem. Tudo o que podemos fazer é
tentar expressarmo-nos de forma clara, ser sinceros e coerentes, mas mais que
isso… o que acontece entre o momento em que as palavras deixam os nossos lábios
e chegam aos ouvidos do outro, está fora do nosso controlo.
Sempre admirei bons comunicadores. Pessoas que são articuladas, que falam
livremente, que são capazes de partilhar a sua mensagem sem demasiadas
explicações ou hesitações. Para mim, o maior desafio da comunicação verbal é o
facto de não haver repetições – quando algo é dito, está dito, podemo-nos
arrepender, podemos pedir desculpa, mas não podemos apagar as palavras. É por
isso que prefiro escrever! A escrita pode parecer uma forma mais definitiva de
comunicação, mas é só porque as consequências da palavra dita são quase sempre
desvalorizadas.