Durante algum tempo fui consumida por esse sentimento de incompletude, por esse desconforto inexplicável, por essas lágrimas que tardavam em cessar. Sentia-me insegura, abandonada, cansada de uma busca que parecia interminável. Sabia que a vida não podia ser só isto, que tinha de haver algo mais, mas o quê? Cada vez mais essa ausência se estava a apoderar de mim e mesmo sem saber de que se tratava sentia que sem “isso” não conseguiria continuar.
Foram dias, meses, anos até… a acordar ansiando pelo dia em que descobriria o sentido da minha existência. O dia em que teria as respostas para todas as perguntas que bailavam na minha alma.
O sorriso na face estava mais resplandecente que nunca, mas cá dentro… o meu “eu” estava completamente arruinado. Como se um furacão por ali tivesse passado e devastado toda a réstia de força e alegria existente.
Quando olhava em meu redor, via a minha vida e sentia-me egoísta por ter tanto e não ser o suficiente. Tentava contrariar essa necessidade de procurar algo mais, mas era mais forte que eu… Não conseguia, ou não queria (não sei ao certo) falar, mas ainda que quisesse... Como podia eu ir ter com um amigo e dizer-lhe que a nossa amizade não era suficiente, que estava triste e sozinha apesar de o ter? Como poderia eu desvalorizar tanto alguém?
À noite, sozinha no escuro do meu quarto, refugiava-me nos sonhos que conscientemente construía. Desde cedo me apercebera que sem grande esforço conseguia controlar os meus sonhos (mesmo enquanto dormia) pelo que utilizava esse espaço como abrigo de salvação. Idealizava personagens, famílias, relações e vivia com elas a sua, a nossa vida. No fundo era isso, criava uma nova vida para mim. Uma vida em que houvesse o que houvesse eu era feliz e amada incondicionalmente. E assim acabava por adormecer…
A noite era por isso a melhor parte do dia para mim, o único senão é que todos os dias a manhã chegava… e com ela o pesadelo de um novo dia.
Em momentos mais difíceis a fragilidade era tanta que temia não aguentar o choro que por tudo e por nada teimava em se mostrar. A dicotomia sonho/realidade e o abismo que entre elas se encontrava parecia cada vez maior e eu sabia que isto não iria acabar bem…
Tempos houve em que acreditei muito nas pessoas, na vida, nas relações humanas… esperei sempre mais porque cria que éramos melhores, mas só tive desilusões. Tudo o que parecia melhor não passava de uma pura e clara ilusão. Pobre criança que cresce com fé nesta gente que a rodeia, que se enche de expectativas para depois…
Já havia percebido que toda esta infelicidade não era apenas uma fase como todos me faziam querer ver. Agora já não me atormentava não saber o “objecto” da minha busca, atormentava-me a certeza cada vez maior, que por mais que o procurasse jamais o iria encontrar… e teria de viver com isso.
Por momentos achei que não seria capaz, que já nada fazia sentido mas e agora o que fazer? Por mais que quisesse não podia abandonar este mundo a que estava presa embora não lhe pertencesse… Lentamente e de modo algo inconsciente fui-me agarrando à única coisa que sempre fizera sentido para mim, e que nunca me havia falhado - os meus sonhos – e vivê-los como se fossem a minha vida. Porque no fundo o eram e sempre serão… são neles que me abrigo e me protejo, neles que encontro a atenção que preciso (de dar e receber).
Com o tempo aprendi que não precisamos de dormir para sonhar. Assim, sempre que posso a minha mente viaja para esse porto tão acolhedor. Vivo nesse mundo à parte, só meu, que ninguém percebe ou sequer conhece. Essa minha “outra vida” é já tão inerente a mim que tenho por vezes dificuldade em perceber qual delas é real.
Solucionei o problema? Talvez não… mas aprendi a lidar com ele. Inevitavelmente acabei por me isolar de tudo e de todos, não por opção, mas por não conseguir viver nesta hipocrisia que é o mundo “real”. E assim fiquei sem gostar de pessoas.
Foram dias, meses, anos até… a acordar ansiando pelo dia em que descobriria o sentido da minha existência. O dia em que teria as respostas para todas as perguntas que bailavam na minha alma.
O sorriso na face estava mais resplandecente que nunca, mas cá dentro… o meu “eu” estava completamente arruinado. Como se um furacão por ali tivesse passado e devastado toda a réstia de força e alegria existente.
Quando olhava em meu redor, via a minha vida e sentia-me egoísta por ter tanto e não ser o suficiente. Tentava contrariar essa necessidade de procurar algo mais, mas era mais forte que eu… Não conseguia, ou não queria (não sei ao certo) falar, mas ainda que quisesse... Como podia eu ir ter com um amigo e dizer-lhe que a nossa amizade não era suficiente, que estava triste e sozinha apesar de o ter? Como poderia eu desvalorizar tanto alguém?
À noite, sozinha no escuro do meu quarto, refugiava-me nos sonhos que conscientemente construía. Desde cedo me apercebera que sem grande esforço conseguia controlar os meus sonhos (mesmo enquanto dormia) pelo que utilizava esse espaço como abrigo de salvação. Idealizava personagens, famílias, relações e vivia com elas a sua, a nossa vida. No fundo era isso, criava uma nova vida para mim. Uma vida em que houvesse o que houvesse eu era feliz e amada incondicionalmente. E assim acabava por adormecer…
A noite era por isso a melhor parte do dia para mim, o único senão é que todos os dias a manhã chegava… e com ela o pesadelo de um novo dia.
Em momentos mais difíceis a fragilidade era tanta que temia não aguentar o choro que por tudo e por nada teimava em se mostrar. A dicotomia sonho/realidade e o abismo que entre elas se encontrava parecia cada vez maior e eu sabia que isto não iria acabar bem…
Tempos houve em que acreditei muito nas pessoas, na vida, nas relações humanas… esperei sempre mais porque cria que éramos melhores, mas só tive desilusões. Tudo o que parecia melhor não passava de uma pura e clara ilusão. Pobre criança que cresce com fé nesta gente que a rodeia, que se enche de expectativas para depois…
Já havia percebido que toda esta infelicidade não era apenas uma fase como todos me faziam querer ver. Agora já não me atormentava não saber o “objecto” da minha busca, atormentava-me a certeza cada vez maior, que por mais que o procurasse jamais o iria encontrar… e teria de viver com isso.
Por momentos achei que não seria capaz, que já nada fazia sentido mas e agora o que fazer? Por mais que quisesse não podia abandonar este mundo a que estava presa embora não lhe pertencesse… Lentamente e de modo algo inconsciente fui-me agarrando à única coisa que sempre fizera sentido para mim, e que nunca me havia falhado - os meus sonhos – e vivê-los como se fossem a minha vida. Porque no fundo o eram e sempre serão… são neles que me abrigo e me protejo, neles que encontro a atenção que preciso (de dar e receber).
Com o tempo aprendi que não precisamos de dormir para sonhar. Assim, sempre que posso a minha mente viaja para esse porto tão acolhedor. Vivo nesse mundo à parte, só meu, que ninguém percebe ou sequer conhece. Essa minha “outra vida” é já tão inerente a mim que tenho por vezes dificuldade em perceber qual delas é real.
Solucionei o problema? Talvez não… mas aprendi a lidar com ele. Inevitavelmente acabei por me isolar de tudo e de todos, não por opção, mas por não conseguir viver nesta hipocrisia que é o mundo “real”. E assim fiquei sem gostar de pessoas.